Erikson em uma de suas obras
apresenta uma teoria psicossocial do desenvolvimento, relatando fases
fundamentais no relacionamento da pessoa com o mundo. Recebeu influências da
psicologia freudiana, mas também dando suas contribuições sobre a sexualidade
infantil, enfatizando a criança além da puberdade. Acredita que a personalidade
é determinada pelas experiências infantis juntamente com as da fase adulta. Sua
maior contribuição foi ter elaborado uma teoria do desenvolvimento humano,
envolvendo todo o seu ciclo vital, da infância até a velhice.
Construindo suas fundamentações
baseadas nos processos da epigênese, que é o desenvolvimento dos estágios de
forma sequencial e definida, tendo que ser resolvido cada estágio de melhor
forma para poder avançar de estágio. Caso isto não ocorra, os estágios posteriores
sofrerão com desajustes resultantes dos estágios anteriores.
Com algumas influências de
Freud, Erikson complementou com os seus estudos de forma especifica, afirmando
que o desenvolvimento do ego não se resume em desejos intrapsíquicos ou
energias internas, devendo ser levado em conta à criança em desenvolvimento,
sua cultura e a sociedade.
Na adolescência algumas
características da identidade são pré-estabelecidas e já estão internalizadas
quando o individuo chega a essa fase, características como sexo, etnia, nível
socioeconômico e raça. Nessa fase o adolescente começa a se auto - avaliar em diferentes
dimensões como a aceitação da sociedade, habilidades acadêmicas, esportivas e profissionais
e ainda aparência física. O adolescente ainda enfrenta o desafio de desenvolver
uma identidade independente das dos pais.
Para o adolescente atingir uma
identidade integrada Erik Erikson desenvolveu a teoria do desenvolvimento
psicossocial ele elaborou oito estágios relacionados com o desenvolvimento do
ciclo vital, representados por crises internas, período em que a pessoa se encontra
em um quadro mais vulnerável. O modo ideal é passar pela crise, resolvê-la e
obter experiência suficiente para avançar para o estágio seguinte.
Sem cronometragem de tempo
especifico nos estágios, seu desenvolvimento é ininterrupto, mesmo que um
predomine sobre o outro, podem sobrar vestígios, podendo assim, regredir de estágio.
Na sequência, comentaremos sobre
os estágios, segundo Erik Erikson, e suas principais características:
Estágio 1: Confiança básica x
Desconfiança básica
Inicia-se desde o nascimento até
cerca de um ano. Uma das primeiras crises que o bebê enfrenta. Esta fase se
emparelha com o desenvolvimento oral, em Freud, sendo a boca a região mais
sensível do corpo. Sendo o ato da amamentação, a procura do seio, sugar e
ingerir o leite completa as primeiras necessidades, tendo a mãe ter que atender
prontamente a essas necessidades para poder completar este estágio e poder
passar para outro, surgindo assim, outra necessidade, que é a confiança que
deve existir entre ambos, iniciando através dos sentidos, se isso não ocorrer,
perpetuará a desconfiança.
Quando ocorre a separação do
seio para o bebê, pode dar início há um sentimento de tristeza e angústia para
o bebê, mas se existir uma confiança concreta, o bebê desenvolverá um senso de
esperança e otimismo.
Uma mãe que ofereça cuidados
suficientes oferece também o suporte para o desenvolvimento da confiança, e
usando desta confiança o bebê pode alcançar sua primeira conquista que é
permitir que a mãe saia do seu campo de visão sem entrar em um estado de desespero
ou raiva.
Estágio 2: Autonomia x Vergonha
e Dúvida
Compreende o período de 1 a 3
anos. Aos poucos vai conquistando autonomia sobre os seus impulsos. Sente que
existe diferença de pessoas (eu, você). Este estágio tem semelhança com a fase
anal, em Freud. Para Erikson é a fase em que a criança segura seus esfíncteres
ou as elimina.
Posteriormente, neste mesmo
estágio, a criança aprende a caminhar sozinha, falar, alimentar-se e a
controlar os esfíncteres. A criança desenvolverá autoconfiança se os pais derem
esta autonomia a ela, aprendendo assim a se controlar e controlar o mundo ao
seu redor. Se acaso os pais não concederem esta liberdade para alcançar sua
autonomia, ficarem superprotegendo e ainda punindo suas ações, a criança ficara
com vergonha e com raiva. Se os pais aprovam suas ações quando controladas, a criança
desenvolvera sua autoestima e ficara com orgulho do que realizou. A
superproteção por parte dos pais faz com que a criança fique impotente sobre
suas poucas ações e com dúvidas em realizar novos comportamentos, sentindo-se
pequena diante de seus pares ou das outras pessoas.
Estágio 3: Iniciativa x Culpa
Este período é dos três aos cinco
anos. Sendo uma fase semelhante à fálica-edípica de Freud.
Sua curiosidade sexual aumenta
neste período sendo impulsionada por brincadeiras que realiza com outras
crianças tocando suas genitálias ou tocando as suas próprias. Os pais devem
saber esclarecer para as crianças suas dúvidas em relação à sexualidade
infantil.
Informar de um modo que elas
entendam e procurar não mentir ou dizer palavras absurdas como: “... se continuar
mexendo vou cortar fora...”, podendo causar problemas futuros ou apenas
reprimindo com a chance de voltar a ocorrer no período da puberdade,
tornando-se uma pessoa sexualmente reprimida.
Avançando nesse estágio, as
crianças aos poucos vão realizando atividades motoras e intelectuais. A
iniciativa da criança em realizar as tarefas vai depender de sua liberdade
física e seu nível de curiosidade intelectual. Conflitos que ocorrem com a
criança nessa fase, fazem com que ela acabe não experimentando todo o seu
potencial intelectual e inibindo seu senso de ambição.
Já para o final deste estágio a
criança vai estabelecendo sua consciência (superego). A criança vai aprendendo
aos poucos o seu limite em seus comportamentos, mas que pode utilizar seus
impulsos raivosos de forma construtiva, aprendendo o que é certo e errado. A punição
em excesso não é muito bem visto por que pode bloquear e intimidar a imaginação
da criança.
Estágio 4: Indústria x
Inferioridade
Compreende o período dos seis
aos 11 anos. Período em que a criança começa a frequentar a escola, juntamente
com um grupo de outras crianças que estão em busca de novos aprendizados.
Período este que corresponde à fase de latência em Freud, no momento em que as
pulsões biológicas estão calmas e onde o relacionamento com seus pares é que
irá perpetuar, dependendo também em qual cultura esteja inserido.
Chamado de indústria, devido a
sua maneira de trabalhar e conquistar algumas habilidades de adultos. Aprende
que é capaz de realizar determinadas tarefas e também de dominá-las, tendo
prazer na realização destas, sentirá cada vez mais orgulho.
Este estágio pode trazer alguns
resultados negativos como um sentimento de inadequação e inferioridade, em
relação aos seus pares ou dentro da própria família. No mesmo instante em que
Freud afirmava que o desenvolvimento da criança depende diretamente dos pais,
Erikson afirmava que os acontecimentos sociais podem se opor a pais despreocupados.
Um grande problema para a autoestima das crianças depende em qual ambiente
escolar ela está inserida, se ele for depreciativo ou desencorajador, causará
efeitos na criança, mesmo que seus pais tentem recompensar pelos fatores
depreciativos, essa diminuição na autoestima não mudará significativamente.
Estágio 5: Identidade x Difusão
de papéis
Tendo seu início por volta dos
11 anos até o fim da adolescência. Período este em que ocorrerá o
desenvolvimento de uma noção sobre sua identidade, emparelhando-se com a fase da
puberdade. Erikson conceitua a identidade como sendo uma característica que
define quem é o individuo e para onde pretende se encaminhar. Uma identidade
saudável e constituída através da realização das passagens bem sucedidas dos
estágios anteriores e depende também de um bom relacionamento nos processos de
identificação com seus pais.
Durante a constituição da
identidade o adolescente, irá passar por várias etapas em sua sociedade,
desenvolvendo também vários papéis que serão testados. Nos momentos de representação
destes papéis, vários valores morais mudarão, mas ao final do processo, o normal
é que o adolescente se enquadre em uma moldura constituindo sua identidade.
No entanto, quando isto não
ocorre, o que acontece é uma crise de identidade, geralmente no fim da
adolescência. Erikson considera essa crise como normal, vindo a chamar de
“crise normativa”, não construindo assim uma identidade concreta, pois ocorre
um rompimento na identidade com as representações dos papéis tendo como
característica a falta de noção do eu e a noção do eu no mundo. Esta disfunção
nas representações dos papéis pode expressar comportamentos ditos anormais e
para compensar essa necessidade, o adolescente se une a grupos no qual se
identifica.
Estágio 6: Intimidade x Auto
absorção ou Isolamento
Período dos 21 aos 40 anos.
Novamente neste estágio o seu sucesso vai depender da passagem pelos estágios
anteriores e da interação do adulto com o ambiente em que vive.
Uma pessoa que passou por uma
crise de identidade e conseguiu resolvê-la, não terá tantos problemas em seus
relacionamentos, que é diferente da pessoa que passou por esta crise, mas não
conseguiu resolvê-la, enfrentando assim, problemas com seus relacionamentos, buscando
ficar em um estado de isolamento.
Nos momentos de intimidade deve
existir a reciprocidade, que é o que ocorre com os adultos, onde tem a
capacidade de compartilhar esta intimidade com outra pessoa, e no caso das
crianças, este processo é o inverso, tendo que muitas vezes compartilhar esta
intimidade com ela mesma, devendo buscar orientação com os pais. A crise deste
estágio é quando a pessoa vai além das suas dependências anteriores formando
novos contatos com diferentes grupos sociais.
Erikson usa a concepção de
Freud, dizendo que uma pessoa normal deve ter a capacidade de amar e poder
trabalhar, juntamente com isso, Erikson acredita que a reprodução, o
divertimento e o trabalho dentro de um relacionamento amoroso, são fatores difíceis
de serem alcançados.
Estágio 7: Generatividade x
Estagnação
Compreende o período dos 40 aos
65 anos. Nesta fase da vida o ser humano optará por um destes fatores. O fator
da generatividade não se volta somente na geração dos filhos, mas também nas
atividades realizadas fora de casa. Até mesmo pessoas que não tem filhos podem ser
generativas, usando do seu altruísmo e criatividade, mas mesmo tendo filhos não
temos a garantia de que seremos generativos. Para conquistar este fator, as
pessoas necessitam ter identidades próprias e concretas.
O fator da estagnação é um
estado que não gera resultados. A falta de subsídios pessoais para ir além da
criatividade se torna perigosa, devido ao fato de que o individuo não é capaz
de aceitar o evento do não-ser e de que a morte é uma fase que pertence à vida,
sem contestação.
Estágio 8: Integridade x
Desespero e Isolamento
Fase da vida que vai além dos 65
anos. Sendo a velhice a ultima fase do ciclo da vida, segundo Erikson. Nesta
fase são gerados conflitos entre a integridade e o desespero. Muitas vezes as
pessoas que chegam até esta fase, sentem-se satisfeitos e realizadas, buscando somente
aproveitar a convivência com seus familiares e ver os resultados do seu
trabalho sendo aproveitado pelas gerações futuras. A pessoa deve buscar aceitar
a posição que representa nesta fase da vida e de que ainda possui muitas
responsabilidades, pois muitos na família saberão quem fomos, quem foram nossos
pais e que serão nossos filhos.
Mesmo com a possibilidade de que
exista um sentimento de que a vida não foi tão valorosa e satisfatória, mesmo
gerando filhos, a pessoa idosa tem medo da morte sendo desesperador. Devemos
ter a capacidade de reconhecer que a fase da velhice tem o significado de
preparação, que devera ter iniciado nos estágios anteriores da vida. A
sociedade deveria ofertar esse suporte, mas não é com frequência que vemos
isso, ficando assim dependente de cada individuo.
ERIK ERIKSON E A TEORIA SOBRE A FORMAÇÃO DA
IDENTIDADE RELACIONANDO O FILME “MENINOS NÃO CHORAM”
Considerada uma história válida
sobre esperança, medo e a coragem de ser você mesmo, onde a personagem Teena
Brandon se passou por Brandon Teena e passou a viver uma nova identidade
masculina, em uma pequena cidade de Nebraska chamada de Falls City.
Em seus primeiros momentos
conseguiu passar uma imagem masculina as pessoas no qual convivia, mas quando a
verdadeira identidade sexual de Brandon se torna conhecida, vai desencadear uma
ordem crescente de violência na pequena cidade.
Este filme empreende as
incoerências da identidade e juventude americana por meio da vida e da morte de
Teena Brandon. Transversalmente de uma desordem do desejo e assassinato, é que
surge a história desta jovem americana que esta a procura de um amor, de si mesmo
e de um lugar que possa chamar de lar.
A jovem Teena, após decidir
assumir a sua homossexualidade tem ainda que fugir dos preconceitos e negações
da sociedade adotando uma nova identidade, no qual se transforma em um garoto,
passando essa imagem para as pessoas no qual o conheciam, mas ele não era quem
as pessoas pensavam ser.
Teena tem um desvio de
personalidade que faz com que ela queira se parecer com e ter os mesmos comportamentos
de um homem. Pressiona os seios contra o peito com uma faixa, utiliza uma
“prótese” masculina do órgão genital e meia com enchimento, apara os cabelos e troca
de nome. Acaba enganando todos, por um tempo, vai conquistando mulheres, mas
por onde passa vai deixando pistas de alguns golpes que pratica como roubos e
furtos. A policia esta a sua procura, mas Teena sempre aonde chega acaba
conquistando as pessoas. Até o momento em que a mentira é insustentável e entra
em uma condição de ser uma garota rejeitada pela sociedade através de suas
escolhas.
Teena se desenvolveu em um âmago
familiar precário e estava imersa em crises pessoais, conforme comentado
anteriormente, assim ela foge para Falls City e é nesta cidade que ela
conseguirá declarar sua identidade sexual masculina com certa liberdade. Age
como um homem, mas por fatores biológicos e psicológicos demonstra
sensibilidade, charme e delicadeza ao falar e ao se movimentar, características
que não são aplicadas ao sexo masculino, assim Brandon chama a atenção das
garotas. É assim que conquista Lana e os dois começam um tímido relacionamento
amoroso, pois a adolescente começava a se inserir em um novo processo de
identificação sexual e afetiva.
Lana é uma garota a qual Teena
se apaixona e ambas aparentam não possuir uma grande confusão psicológica.
Brandon parece estar convencida de suas preferências sexuais e não manifesta
sua imprecisão entre ser uma mulher e desejar ser um homem, sendo típica nestes
casos. Já Lana, também não apresenta conflitos, mesmo se apaixonando por uma
figura que aparentemente é masculina, demonstra aceitar a verdadeira categoria
de Brandon sem maiores anormalidades, ao oposto do que se imaginaria em uma
situação como essa.
Em sua terra natal, Lincoln, que
fica a aproximadamente a algumas dezenas de quilômetros da cidade de Falls
City, Brandon era uma pessoa diferente, submergido em uma crise pessoal que a
assustou durante muito tempo em seu período de existência. Assim como outros
jovens, também cometeram erros e quando Brandon se impõe entre seu novo amor, Lana
e o amigo dela, John, é que o segredo poderá ser revelado de formas violentas.
No trecho de sua vida, por mais que tenha sido curta, Teena Brandon foi ao
mesmo tempo um amante fantástico; um forasteiro preso em uma armadilha; um
ladrão atrevido e uma vitima cruel de um crime injusto.
Uma provável descrição do caso
de Teena Brandon é que o grande conflito na adolescência é a chamada crise de
identidade e essa fase só estará terminada quando a identidade tiver encontrado
uma forma que determinará, decisivamente, a vida ulterior, e Teena não
conseguiu passar por essa crise. É importante ressaltar que o termo crise,
adotado por Erikson, não é sinônimo de catástrofe ou desajustamento, mas de
mudança; de um momento muito importante no desenvolvimento onde há a
necessidade de se optar por uma ou outra direção, mobilizando recursos que
levam ao crescimento. E a Teena quis esconder sua escolha e ficou vivendo na
mentira de sua identidade, porque não quis enfrentar as consequências dessa
escolha que seriam o preconceito da sociedade.
Uma segunda analise pode ser
desenvolvida com base em alguns relatos que Teena não deixa muito claro no
decorrer do filme, onde nas entrelinhas podemos perceber que Teena é fruto de
uma família desestruturada, não conheceu seu pai e não sabe quem ele é. Cresceu
em um ambiente conturbado, sua mãe não foi suficientemente boa, não respondeu
as suas necessidades, o que fez com que ela desenvolvesse medos, receios,
sentimentos de desconfiança que vieram a refletir na sua fase de adolescência.
Como já relatamos a cima à teoria de desenvolvimento psicossocial de Erik
Erikson prediz que o crescimento psicológico ocorre através de estágios e
fases, não ocorre ao acaso e depende da interação da pessoa com o meio que o rodeia.
No caso de Teena, a falta da figura paterna e o não comprometimento da mãe com
a sua formação, fizeram com que seu crescimento psicológico fosse afetado,
ficou imersa em crises pessoais, e com uma crise de identidade. É na crise de
identidade, que o adolescente parte em busca de identificações, encontrando
outros “iguais” e formando seus grupos. No caso de Teena ela interferiu na
realidade de sua verdadeira identidade não aceitando que a sociedade soubesse
da sua homossexualidade, e ao invés de procurar grupos “iguais” à realidade
dela, Teena vai à busca de se misturar com um grupo “diferente” do seu, mas com
uma falsa identidade, causando a revolta desse grupo e mesmo tendo evitado a se
debater com o preconceito mesmo tardiamente isso acaba acontecendo.
Para Erikson o processo de
formação de identidade começa a ter grandes destaques na adolescência, foi o
que aconteceu com Teena, mas a garota não pode, ou melhor, teve tempo de integrar
sua verdadeira identidade.
Este filme é uma representação
espantosa e agonizante de uma jovem que há muito tempo busca pela sua
identidade. Em outros casos cinematográficos os transexuais são representados
de formas grotescas, superficiais, sem o intuito de inseri-los na sociedade, e singelamente
na versatilidade com os discursos e simbolizações. Notamos no personagem de Teena
Brandon um intenso mergulho psicossocial, tanto nas passagens em que são exploradas,
as crises de identidade pessoal quanto às adoções que comprovam o impacto coletivo
das escolhas da personagem.
Um dos piores problemas que um
transexual enfrenta é o preconceito, pois muitas vezes não sabe como expressar
esse gênero sexual para a família e para a sociedade e que muitas vezes recebem
essa postura pessoal com muita arrogância e violência, tendo que sofrerem
caladas na maioria das vezes e sofrendo abusos de outras pessoas e sendo
ameaçadas devendo ficar em silencio para não sofrerem maiores consequências.
Este filme apresenta muita
realidade, pois foi a partir de um fato real que foi originado e por isso tem
um forte poder de corte com uma cultura simbólica pouco construtiva na patética
aceitação e afirmação das identidades sexuais da sociedade.
Quando a ignorância domina, o
ódio acaba vencendo e a tragédia se manifesta no horizonte. A dor é constante,
o sentimento de derrota esta presente e o cheiro da morte se espalha pelo ar.
Torna-se muito difícil ficar insensível diante da incapacidade das pessoas não aceitarem
que os outros são diferentes, assumindo outras posturas, ideológicas,
religiosas ou mesmo éticas que não se enquadram em nossos pensamentos. O pior é
saber que algumas destas pessoas, ultrapassam os limites estabelecidos pelo bom
senso, pelas normas que guiam o nosso cotidiano e, mesmo, pelas normas criadas
pelos homens e por Deus partindo assim para as agressões físicas, para a
violência incontrolável podendo chegar a causar mortes.
Quando estas diferenças aparecem
na área da sexualidade às barreiras parecem se tornarem muito maiores. Existe
uma grande dificuldade de entendimento quanto às escolhas homossexuais até
mesmo das pessoas de paz e que são mais esclarecidas, no entanto, nestes grupos
não aparecem referencias agressivas ou ataque diretos a comunidades de GLS.
A história verdadeira que nos
foi apresentada nos conduz para uma área onde podemos analisar muito mais do
que a falta de entendimento e a violência, lugar onde domina o preconceito e a
ignorância ilimitada dos agressores covardes e sem caráter. Convivendo com estas
diferenças existentes no mundo fazem com que ele se torne mais significante e
nos permite crescer. Por mais que não entendemos ou somos contrários aos
fatores que nos cercam, o mínimo que devemos fazer é respeitar a mesma.
O ambiente desta história se
desenrola em um local carregado de preconceito, onde as pessoas vivem mal,
ganhando pouco em seus empregos, assim a juventude fica sem muitas alternativas
e vai vivendo suas desilusões se afundando no caminho dos vícios e a
sexualidade como sendo mais uma forma de fugir da aflição existencial. É neste
local que Teena Brandon se desenvolve, mas com ela é diferente, tem firmeza em
suas escolhas, disfarçando suas origens femininas de forma a ofuscar a maioria
das pessoas com as quais convive, fazendo-se passar por um homem.
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