quarta-feira, 21 de março de 2012

Atuação do Psicólogo no Processo de Saúde – Doença

Eligiane T. Binotto
Joelmir A. Wiest

Com este trabalho temos a intenção de questionarmos uma fundamental preocupação que é como podemos tornar o atendimento psicológico mais acessível à maioria da população, evitando fazer limitações de grupos? Podendo ter um grande enfoque na atuação junto à comunidade prevenindo e promovendo a saúde pública. Não devemos focar somente o bem estar físico e mental, mas sim a manutenção da saúde, prevenção das doenças orgânicas, comportamento dos indivíduos ou seu estilo de vida para evitar situações de saúde precárias, por que envolve situações onde deve existir uma responsabilidade individual e social.
A presença do psicólogo na área da saúde depende de mais clareza para os profissionais desta área, pois existem pontos de encontro, mas também de divergências, principalmente quando se tratar do enfoque do problema. Os aspectos principais durante a abordagem da saúde pública incluem processos como a prevenção primária, uma orientação geral englobando toda a sociedade e intervenções nos processos políticos de saúde e política social. E nesta situação que a Psicologia parte dando maior atenção a aspectos secundários e terciários aos problemas de saúde do individuo.
O Psicólogo busca desenvolver métodos que solucionem os problemas cotidianos ao invés de promover e compreender cientificamente os processos de mudança de comportamento e promoção da saúde, mas também existe a necessidade de que o psicólogo interaja com outros profissionais da área da saúde para que os conhecimentos de forma geral possam ser repassados as pessoas do grupo realizando esforços em conjunto para atender essa demanda da realidade social e que atinja as populações menos favorecidas, que é a sua grande maioria.
Para um bom desenvolvimento em todo esse processo na saúde pública é necessário o desenvolvimento de pesquisas que apontem a funcionalidade individual e ambiental do ambiente comunitário, mas ainda é um longo caminho a ser percorrido.
Cada dia mais a valorização de intervenções primárias, secundárias ou terciárias em saúde, implicam na necessidade de se compreender e interferir sobre estes contextos dos indivíduos ou grupos, expostos às diferentes enfermidades ou outras condições de agravo à saúde. A Psicologia da Saúde vem sendo convidada a dar sua parcela de contribuição a essa nova abordagem destes problemas, e é indispensável que nos mobilizemos para responder a esses pedidos, e que nos organizemos, cada vez mais, para que nossa inclusão sócio-sanitária seja cada vez mais eficiente e reconhecida.
Sabemos que as rápidas mudanças sociais que procedem da globalização, do desenvolvimento econômico, da industrialização e a urbanização, tem causado consequências profundas sobre a estrutura das comunidades, o funcionamento das famílias e o bem estar psicológico das pessoas. Em muitos lugares, estas mudanças tem afetado os sistemas tradicionais de apoio psicossocial, reduzindo assim a disposição dos indivíduos, famílias e comunidades de encarar adequadamente suas angústias, enfermidades e incapacidades físicas.
A importância da dimensão psicossocial da saúde e enfermidade se constitui numa grande necessidade e um espaço inquestionável para a Psicologia como ciência e para os psicólogos como profissionais interessados na melhoria das condições de saúde e qualidade de vida dos indivíduos.
A identificação do psicólogo sempre esteve ligada às relações sobre o indivíduo e dele para o mundo, sendo muito marcante esta relação em nosso país, colaborando para que os psicólogos brasileiros se mantenham distantes dos processos de decisões sobre o caminho das políticas de saúde que são elaboradas pelos governantes.
A Psicologia vem se desenvolvendo de forma crescente e procurando ampliar seus limites de atuação, que na verdade são muito amplos e que abarca todas as fases do atendimento ao paciente. Essa ampliação vai muito além das práticas clínica e médica, estendendo-se para o campo de intervenção no campo social do paciente. Buscando se aproximar do papel da Psicologia da Saúde no contexto comunitário, que é de prevenção e/ou promoção da saúde de forma de destacar a diferença de um trabalho comunitário realizado com e sem a presença de um psicólogo da saúde.
O psicólogo pode contribuir de maneira muito positiva e eficaz na equipe de saúde, a pessoa doente sempre é paciente de vários profissionais. Isso significa que ela é manipulada por várias pessoas e responde a constantes interrogatórios por parte da equipe médica. O psicólogo deve olhar para o paciente como um todo, como alguém que está sujeito a vários olhares. Como essa pessoa se sente nesse lugar, o que pensa sobre o que os outros fazem com ela, o que pensa sobre sua doença, como vivencia esse momento. Pertence ao psicólogo à função de revelar para a equipe informações sobre o paciente que transcenda ao foco específico de cada profissional, acolher também as dificuldades da equipe em relação a determinado paciente e atuar como intermediador, tentando traduzir essa dificuldade tanto para o paciente quanto para a equipe e ajudá-los a encontrar uma forma de resolver e lidar com essa dificuldade.
O psicólogo deve ter sempre a preocupação de revelar algo para a equipe sobre o paciente, de forma que essa informação possa possibilitar à equipe uma visão mais ampla, e dessa forma administrar-lhe um tratamento melhor.
Quanto ao papel da Psicologia da Saúde e de seus profissionais, esta associada às próprias características econômicas, sociais, políticas, de desenvolvimento cientifico e do modelo de saúde de cada nação em particular e mais seu desempenho deverá ser de acordo com as possibilidades de cada realidade. Deve ter uma postura de ajustamento a cada realidade que se insere, adotando-a como sua, para assim ter uma boa visão de saúde.
O enfrentamento dos problemas de saúde de determinada comunidade solicita uma intervenção que se traduz em noções de saúde de diferentes tipos, como promoção, proteção, prevenção, recuperação, reabilitação, etc. Para que isso ocorra é necessária atenção, não só médica como de outros profissionais, pois não basta apenas identificar o diagnóstico e iniciar o tratamento, mas acompanhar os fatores a ele associado. Para efeito dessas ações, necessita-se de planejamento, organização, direção, execução, acompanhamento e avaliação, sendo fundamental a inserção de profissionais comprometidos e capacitados em programas de saúde pública.
É preciso que futuros profissionais possibilitem o desenvolvimento da reflexão crítica acerca do papel do psicólogo, e de sua inserção e identidade profissional. Como profissional da saúde é necessário que o psicólogo, observe, ouça e perceba atentamente o que é dito e o que não é, para assim oferecer, no campo da terapêutica humana, a possibilidade de confronto do sujeito com sua angústia e sofrimento na fase de sua doença, buscando separar os momentos de crise.