quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Respeito a Identidade

A identidade não é só o que a pessoa apresenta, ela agrupa várias idéias como a noção de estabilidades de pontos que não mudam com o tempo. Algumas destas características que não mudam são os nomes das pessoas, parentescos, nacionalidade, impressão digital e outras coisas que permitem a distinção de uma unidade. A identidade depende da diferenciação que fazemos entre o “eu” e o “outro”. Passamos a ser alguém quando descobrimos o outro porque, desta forma, adquirimos termos de comparação que permitem o destaque das características próprias de cada um.
Para a psicanálise, o sujeito só pode se definir a partir de sua relação com os pais. O sujeito é produto de uma relação de amor e identificação com os pais. A criança disputa o amor de um dos pais, buscando identificação com o modelo que o outro representa. Segundo esta abordagem, o sujeito projeta para o seu interior as identificações infantis e, através delas, vai formando sua identidade, diferenciando-se dos outros e possibilitando que a sociedade possa reconhecê-lo como alguém.
Outra importante concepção de identidade é a psicossocial. Nesta parte, a identidade tem o caráter de transformação, ou seja, as mudanças ocorrem constantemente, o que, entretanto, não aparenta. A aparência da identidade é algo que não muda. A identidade, para a psicossocial, pressupõe a realidade social na qual o indivíduo está inserido. Revela uma condição de vida, estrutura familiar, religião e costumes da pessoa. No entanto, sabemos quem é a pessoa, não apenas por sua definição, mas por suas atividades. Esta é a principal construção da identidade.
Vamos nos igualando e nos diferenciando de várias pessoas, grupos. Se minha identidade é refletida pela identidade do outro, se faço parte de grupos, minha identidade também é coletiva.
Nos grupos, sou reconhecido pelo que faço. Sou produto de uma prática. Diante da pergunta “quem sou eu?”, a resposta vem em forma de dado, ela representa a identidade, mas existe seu processo de produção. A Identidade se dá pela auto-produção humana: somos participantes de uma sociedade, somos a humanidade.
Em virtude de a mudança ser desigual ao movimento chamado vida, nossas identidades também são reflexas desta dinâmica. Mudamos nossa concepção de eu no decorrer de nosso desenvolvimento evolutivo (criança, adolescente, adulto, idoso). No entanto, assusta-nos o desequilíbrio causado pelas mudanças, necessitando de novas adaptações. Não nos conhecemos em nossa totalidade; por vezes, escolhemos como nos apresentarmos diante de determinadas situações, outras vezes, não estamos cientes de nossas representações. Portanto, não temos um controle totalmente consciente sobre o modo como nos constituímos: somos produtores e produzidos por uma realidade, a qual é contrária dependendo do contexto da história.
Somos referência para a constituição da identidade de muitas pessoas e, assim também podemos ser à base de outras mudanças nessas identidades. O processo privilegiado para tal movimento é a aprendizagem, que se constrói na convivência em grupo. Nós, adultos, ainda somos dotados de um grau de responsabilidade ao tornarmo-nos modelo de comportamento para muitos com os quais vivemos. Independente de sermos tomados como alvo de identificação, no sentido de querer ser igual, também podemos ser o modelo ao qual não se quer assemelhar-se.
Portanto, querendo nós ou não, afetamos e somos afetados por outras identidades. Todos nós já nascemos com uma identidade própria, a identidade de gênero, ou seja, masculino e feminino, que possui uma característica própria e incontestada. Um exemplo da solidez dessa identidade é o fato de que quando vemos uma gestante logo ficamos curiosos em saber se aquele novo ser é menino ou menina. O fato é que biologicamente a criança nascerá com uma dessas identidades e morrerá com a mesma ou ele poderá nascer com o órgão genital masculino e ter atitudes totalmente femininas e vice-versa. Isso se dá devido a influências da genética e do meio em que o ser está inserido.
No passado as identidades eram mais conservadas devido à falta de contato entre culturas diferentes; porém, com a globalização, isso mudou fazendo com que as pessoas interagissem mais, entre si e com o mundo ao seu redor.
O importante é que devemos respeitar todos os tipos de identidade, para que não exista conflitos e desavenças entre os povos, pois essas são apenas transformações que se modificam com o decorrer do tempo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Cura de Schopenhauer

Este livro relata a história de Julius, um homem de 65 anos, psiquiatra que tratava de pacientes em estado terminal e realizando um exame de rotina descobriu que tem um câncer de pele. Com a descoberta seu estado emocional é alterado, pois os métodos utilizados com os seus pacientes parecem não ter nenhum efeito sobre ele se deparando com a possível morte.
Perdido, busca apoio em seus livros, relembrando a obra “Assim Falou Zaratustra”, de Nietzsche, que valoriza a vida e o destino, onde devemos encontrar com a morte na hora certa.
Em um trecho do livro de Nietzsche tem uma pergunta que é mais ou menos assim: “Você repetiria essa vida eternamente?”. É uma questão que põe Julius a pensar sobre sua vida imaginando se espera covardemente a morte ou se continua vivendo como se não soubesse de nada. Fica indeciso nesse impasse. Parado ele não ficaria, mas o seu estado emocional estaria afetado. Com suas conclusões decide não ficar parado e busca rever alguns pacientes e saber se ele fez alguma diferença em suas vidas.
Decidiu rever o seu maior fracasso, Philip Slate, um homem bem aparentável que era viciado em sexo. Quando conseguiu encontrar Philip, descobre que ele se tornou também um terapeuta, seguidor de Schopenhauer, que é um filósofo pessimista.
Philip tem o desejo de se tornar um orientador filosófico através dos pensamentos de Schopenhauer, mas para isso ele necessita de algumas horas de supervisão de um profissional, então para isso ele pede a ajuda de Julius e em troca, Philip participa de uma terapia de grupo que é para melhorar o seu relacionamento com as pessoas. E neste grupo haverá encontros emocionantes entre os pacientes e o terapeuta, em que cada um deles irá despejar seus temores, defesas e fraquezas para aprenderem a serem mais humanos e felizes.
De acordo com Schopenhauer, para nos salvarmos do sofrimento humano que é causado pela existência, devemos renunciar o mundo nos tornando livres, mas para Julius a nossa salvação é conquistada quando construímos relacionamentos sólidos, que devem ser baseados no amor e na compreensão das diferenças e dos limites de cada um.
Fazendo a ligação entre a realidade e a ficção, A Cura de Schopenhauer, nos oferta um foco fiel dos contornos da terapia de grupo, tendo como fundo principal a vida e a obra de Arthur Schopenhauer, que publica a dolorida técnica do autoconhecimento.
Neste grupo de terapia alguns membros tiveram grande influência e outros com participações aleatórias, acabavam mudando o rumo dos assuntos e são nas relações interpessoais que as pessoas vão aprendendo a conviver umas com as outras, em seus momentos de interação, troca de aprendizagens e apresentação de relatos pessoais.
O sucesso no desenvolvimento da terapia de grupo vai depender da comunicação existente dentro do mesmo. É preciso o intermédio de alguém, um líder, os princípios e ideais devem ser autênticos, únicos e singulares para que ocorra um bom desenvolvimento grupal.
Em meio à sociedade nós nos tornamos inautênticos, buscando copiar as ações e idéias de outras pessoas, mas não devemos levar isso como uma regra diária, pois ser autêntico é algo muito bom, sendo o adequado.
Como Schopenhauer dizia “Viver é sofrer”, era uma forma que este filósofo encontrou para afirmar que os nossos relacionamentos e desejos só nos levam a sentir dor e tédio. E para nos livrarmos deste sofrimento humano, devemos abdicar ao mundo.
A concepção de Julius é totalmente ao contrário da de Schopenhauer e mesmo sabendo que tem um câncer que seja incurável não é o suficiente o bastante para que lhe tire a vontade de querer ajudar as pessoas a localizarem seus próprios caminhos.
É através da terapia de grupo que os relatos humanos, desvinculam-se da mente e de seus corações, tornando-se mais reais do que a própria realidade e dentro do grupo deve ser pratica vários atos de reciprocidade entre os integrantes, por que em essência todos buscam objetivos novos para o próprio grupo e o mesmo fornece as respostas para os seus integrantes.
Através dos relatos que a pessoa faz dentro do grupo, ela busca compreensão, afeto, acolhimento dos demais integrantes, pois esta tendo abertura para poder expor as suas queixas com o intuito de receber feedback coletivo ou do terapeuta.
Com a existência de alguns grupos, os mais conhecidos são os grupos em “Série” e em “Fusão”. O grupo em série é quando os indivíduos não se conhecem e tem um objetivo em comum, mas este objetivo é externo ao grupo. Já o grupo em fusão é quando os indivíduos se conhecem, possuem um objetivo em comum e este objetivo é interno ao mesmo, onde todos trabalham em conjunto para que o objetivo seja alcançado. A função do grupo é fazer a inclusão das pessoas e nunca a exclusão.
Sendo pré-avisados de que o grupo iria terminar fez com que os pacientes quisessem tratar de assuntos mais importantes do que os banais. Para que os integrantes do grupo pudessem aprender mais ainda com a relação existente mesmo que estivesse prestes a terminar, deveriam iniciar com o “aqui - agora”, que é o ponto de partida para a aprendizagem, sendo que a experiência é direta na pessoa. Não tem como sair do foco aqui – agora, apenas temos a chance de poder modificá-lo e pode ser que nestas modificações ocorram desfragmentações do grupo.
Cada sessão se iniciava com a apresentação de sentimentos diversificados, pois os assuntos de cada um não seriam mais abordados em sua individualidade com o terapeuta Julius, outros olhavam para ele como se quisessem guardar seu rosto em suas memórias. Isso fez com que Julius fizesse uma síntese de cada paciente e o motivo de estar ali. Pam, por problemas com os homens; Rebecca porque sua aparência influenciava sua relação com os outros; Tony por causa de uma relação destrutiva com Lizzy e brigas com ouros homens; Gill veio por causa de conflitos conjugais; Stuart, porque a mulher ameaçava deixá-lo; Bonnie, por solidão, problemas com a filha e o ex-marido e Philip como condição de obter orientação, porém mais do que ter a orientação, era importante mostrar a Philip que ele precisava melhorar sua relação pessoal, com o mundo social.
Nossa sina é de que enquanto respiramos, vamos afastando a morte que é uma ameaça constante, mas no final de tudo ela acaba vencendo, pois é assim desde o nosso nascimento até o nosso fim. Mesmo assim continuamos vivendo e batalhando todos os dias. Seria como se nossa vida fosse um bexiga, nós assopraríamos enchendo-a até chegar um ponto em que iria estourar.
Os terapeutas são como pais. Bons pais dão condições para que seus filhos tenham a capacidade de sair de casa e ser um bom adulto depois de ter aprendido e ter recebido orientações sobre as leis da vida, assim são os terapeutas que desejam que seus pacientes saiam bem ao final do tratamento. Um fator que deve ser levado em consideração é o fato de que os efeitos, resultados da terapia podem não ser instantâneos, mas sim retardados.
Durante a terapia de grupo, no processo de reciprocidade, os integrantes buscam encontrar respostas para as suas queixas. Buscam encontrar no grupo através dos relatos vividos dos componentes muitas respostas que para a pessoa estão encobertas, realizando conexões com as palavras e aprendizados. Usando os conceitos práticos da teoria da Janela de Johari podemos identificar os componentes de cada grupo, encaixando-os no mesmo. Temos a janela ideal, que é uma pessoa aberta; o entrevistador é conhecido por mim, mas não pelos outros; o matraca é conhecido pelos outros, mas não por mim e o tartaruga é a pessoa que não tem mobilidade dentro do grupo. É freqüente encontrar pessoas que se enquadrariam nestas situações nos grupos.
As idéias pessimistas de Schopenhauer que são relatadas por Philip durante as sessões vão desenvolvendo uma oscilação mágica, que é importante nas relações dos pacientes. Estas idéias pessimistas sobre concepções do mundo fazem uma ligação entre à vontade de Julius em querer ajudar seus pacientes para demonstrar que é através dos relacionamentos sólidos que teremos compreensão e amor em nossos relacionamentos e não o isolamento.
A cura vai acontecer por intermédio da relação paciente-terapeuta. O terapeuta deve buscar ter um bom relacionamento com o seu paciente e o mesmo deve corresponder para que o objetivo dos dois seja alcançado. Um processo essencial é o aqui-e-agora que se defende através da relação interpessoal e encarando o grupo em terapia como um microcosmo social.
Em certos momentos a teoria contribui e muito no desenvolvimento da terapia, mas é essencial que haja um bom relacionamento entre ambos ou entre todos os pacientes se for terapia de grupo.
Somos indivíduos tendenciosos a sermos singulares em relação a outras pessoas quanto a nossa forma. E essa tendência é o nosso temperamento, que vai se explanando em nossos primeiros anos de vida, e acompanha-nos ao longo de nossa vida.
A pessoa pode mudar suas idéias, suas crenças, mudar de profissão e podendo realizar inúmeras revoluções na própria vida, mas o seu modo de ser não mudará, isto é, ele continuará fazendo tudo com o mesmo espírito. O caráter em si não se altera, mas dizer que ele não muda não significa proteger a imutabilidade da personalidade, por que o temperamento é um componente da personalidade. O mundo interno da pessoa pode revolucionar, mas a essência básica do individuo não irá mudar.
Mesmo que classifiquemos um individuo e suas tendências, ela é uma pessoa singular, pois o seu modo de ser será completado com os conteúdos que lhe caracterizará de forma única, sendo exclusiva em relação aos outros seres humanos.
Ainda que a essência de nossas tendências dita ser separada da nossa situação temporal e ambiental atuais pelo fato de conter a existência, do existir e de prosseguir existindo em qualquer instante de nossa história, suas revelações emocionais e comportamentais necessitam em denominação do que é normal psiquicamente, estar sempre unidos e ajustados ao modelo sócio-cultural e as possibilidades de ação de cada um. Portanto, não é em sua totalidade que nossos instintos irão se manifestar na maneira de ser de cada pessoa, mas sim, estas mesmas tendências domesticadas e aculturadas. As ações instintivas são muito difíceis de acontecerem manifestando-se em condições psíquicas normais. Essas revelações comportamentais podem acabar sendo misturadas devido às pressões que sofremos e particularidades afetivas de cada indivíduo, e que acabam se escondendo de determinada forma, que ficam diluídas no caráter do próprio indivíduo.
Para que ocorra um estado de equilíbrio entre o individuo e o meio onde ele vive é preciso que haja um relacionamento harmônico entre as diversas tendências, suas possibilidades e as pressões exercidas pelo ambiente. Momentos em que nos são apresentadas situações de emergência, podemos tomar atitudes primitivas, no qual desempenhamos uma atitude vivencial em direção a sobrevivência, pois todas as vezes que somos ameaçados em relação a nossos instintos básicos poderemos desenrolar o comportamento de ameaça e prevenção em nossa defesa.
O individuo não conseguindo realizar este tipo de controle sobre as suas tendências, principalmente em situações de emergência, o individuo vai se encaminhando para a área dos impulsos naturais e pelas suas paixões mais primitivas. É o nosso espírito, ou algo assim, algo mais humano que acaba exercendo atividades harmoniosas em nossos relacionamentos civilizados com o ambiente em que vivemos.
Tendo nossas próprias tendências naturais que nos identificam como indivíduos de uma mesma espécie, vamos encontrando distinções próprias que nos apresentará ao nos relacionarmos com o mundo.

COMENTÁRIOS

Quando chegamos ao fim da vida, nós seres humanos percebemos com um ar de surpresa que vivemos com uma provisoriedade a nossa vida e que as coisas que largamos como sendo sem graça ou sem interesse eram justamente os que mais importavam que deixaram nossa vida deficiente.
Se tivéssemos pouco tempo de vida deveríamos viver o tempo que nos resta, continuando a fazer exatamente o que sempre nos deu prazer e teve sentido para nós. Devemos viver de forma que possamos aceitar, a querer a mesma vida sempre, que possamos aceitar se nos oferecerem viver outra vez e mais outra, eternamente, exatamente do mesmo jeito. Devemos reverenciar e celebrar a vida, é preciso escolher a vida, usufruir em vez de ser usufruído por ela.
O autor parece querer dar vida social para Arthur Schopenhauer se baseando em seu ser pessoal e social, atribui aos personagens do grupo de terapia, as complicações nos relacionamentos, os desajustes em toda sua gama e nuances. Para cuidar desse banquete existencial, vem à terapia, calculista, tentando de alguma forma incentivar e destacar o que o outro possui de melhor, dar um conforto no modo de ser do indivíduo.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dibs – Em busca de Si Mesmo

Aos cinco anos de idade, Dibs era uma criança que nada falava, materialmente. Tinha acessos de raiva com todos que falavam com ele, engatinhava ao redor da sala de aula, se escondia de baixo da mesa e chupava o dedo polegar enquanto seus colegas de sala faziam as atividades.
Dibs era uma criança que pouco se comunicava verbalmente, não brincava e em alguns momentos apresentava muita agressividade, raiva que confundia os profissionais que trabalhavam com ele, seja no âmbito clinico ou escolar. No entanto, mesmo sofrendo com a negligência por parte dos pais, Dibs era muito inteligente, porém não encontrava espaço para se desenvolver, isso fez com que ele se tornasse reprimido em alguns aspectos e os aprendizados se davam de forma solitária, não sabendo a distinção do mundo das crianças e dos adultos.
Na escola os professores começaram a se preocupar com Dibs. Desta forma, decidiram procurar a ajuda de uma psicóloga para tentar resolver o problema que estava passando com este menino. Dibs foi encaminhado a uma psicóloga com hipóteses de retardo mental ou autismo. A terapêutica utilizada foi a ludoterapia de forma não diretiva deixando a criança adquirir independência emocional. As sessões de ludoterapia foram o grande passo para o desenvolvimento interior de Dibs.
A sala de brinquedos onde eram realizadas as sessões se transforma em um mundo novo para Dibs, onde ele pode criar e recriar da forma que quiser o seu mundo. A ludoterapia ajudou Dibs a se encontrar consigo mesmo, a descobrir suas potencialidades.
Essa terapia foi feita no Centro de Orientação Infantil, onde D. A. trabalhava, era
como Dibs chamava a psicóloga. No começo, o menino ficava quieto, e demonstrava o quanto odiava que as portas e janelas ficassem fechadas, através da casinha de brinquedo que havia na sala, e dizia que não gostava de seus pais, e de sua irmã Dorothy. Dibs começou a demonstrar a eficácia de sua linguagem, a forma com que falava, para sua idade, era incrível.
A cada sessão Dibs apresentava uma melhora, começou a entender seu medo e descobrir verdades. Ele sentia raiva, angústias e começou a substituir estas pela alegria e confiança em si. Um dos primeiros passos de Dibs foi tirar seu casaco e seu sapato sozinho, ele descobriu que poderia fazer isso, confiava que poderia, e a terapeuta o deixava agir sozinho e o estimulava para ter autonomia.
Aos poucos Dibs ia demonstrando seu alto potencial e isso era a prova de que não possuía nenhum retardo mental e era um garoto especial, com uma inteligência especial. Dibs havia se encontrado e podia sentir orgulho de si mesmo, aprendeu a entender os seus sentimentos e demonstrá-los aos outros, não teve mais crises de raiva e poderia ser considerado como uma criança capaz e feliz.
Dibs era uma criança rejeitada pelos seus pais desde a gestação. Sua mãe não queria um filho, pois era uma cirurgiã respeitada pelo ótimo trabalho que realizava e com um filho teria que abandonar sua profissão, quando ficou grávida dizia que tudo tinha se acabado, sua profissão, seu casamento, pois seu marido também não queria um filho, pois estes viviam muito bem.
Com o apoio da terapeuta nas sessões de ludoterapia, Dibs pode exteriorizar seus sentimentos e suas mágoas pelos seus pais, e estes puderam elaborar a culpa pela rejeição do filho, e assim se deu a recuperação e descoberta da criança brilhante que Dibs era. Após Dibs ingressar na terapia, a psicóloga permite algumas liberdades e estimula ele a autonomia, não realiza cobranças e punições. Permitindo que ele desenvolva a confiança.

Comentários

Este livro relata a história de um menino que estava em busca de si mesmo, pois estava passando por problemas familiares desde sua infância e com a ajuda da ludoterapia e da observação a profissional que realizava o trabalho com Dibs conseguiu realizar mudanças.
Através dos trabalhos realizados pela psicóloga, Dibs foi adquirindo autonomia em suas atividades, pois o que ele necessitava era carinho, amor e compreensão de seus pais. Que eles confiassem nele e acreditassem em suas habilidades.
Na relação entre Dibs e seus pais não havia confiança, pois estes acreditavam que Dibs apresentava alguma deficiência. Esta falta de confiança pode ter sido desenvolvida através da não aceitação dos pais e principalmente da mãe no momento da gestação. Dibs sempre estava atento a tudo e com isso foi aprendendo sobre tudo o que estava ao seu redor.
Assim como os adultos, as crianças têm a necessidade de carinho, amor, atenção entre outros. No caso de Dibs, ocorreu uma negligência e negação por parte dos pais sobre essas necessidades. Esta negação desenvolveu em Dibs um sentimento de raiva e passou a executar comportamentos que não eram muito bem vistos pela sociedade e por seus pais.
A psicóloga fez uso da ludoterapia, motivando Dibs a se desenvolver interiormente para enfrentar os conflitos que possuía com seus pais e aos poucos ir resolvendo seu lado obscuro e misterioso, através da brincadeira.
Com a ludoterapia, Dibs conseguiu se encontrar e foi aprendendo a respeitar as pessoas e suas diferenças, buscando também ser respeitado para poder ser uma criança feliz.
A psicóloga fazendo uso das brincadeiras para compreender as particularidades da criança, demonstrou aos leitores sobre a importância da brincadeira no desenvolvimento e autoconhecimento das crianças, para construção de suas identidades.
Dibs, inicialmente possui uma história triste, com dificuldades de relacionamento e afetividade com seus pais e sua irmã devido à negação de algumas de suas necessidades enquanto criança. No entanto, após passar por um processo terapêutico conseguiu aos poucos desenvolver suas habilidade e confiar nas pessoas, buscando compreender os acontecimentos que influenciavam em sua vida.
A mãe de Dibs era uma pessoa fria, não demonstrava seus sentimentos, chegando a sentir vergonha do filho que havia gerado. Mimava a irmã de Dibs, como se fosse para demonstrar para este que deveria ser da mesma forma. O pai sempre esteve muito ausente, dedicava-se integralmente ao seu trabalho e seus sentimentos eram mais frios do que os de sua esposa. Desta forma, Dibs procurava saciar suas necessidades de criança com as pessoas no qual adquiria confiança e compreensão.

O Desafio do Cenário Escolar para o Profissional da Psicologia: por onde Começar?

 Até pouco tempo o lugar do psicólogo era nos consultórios particulares e em hospitais, nas mediações dos ambulatórios de saúde mental, sendo subordinado da Psiquiatria. Mas tudo isso nos possibilitou oportunidades para a reflexão sobre conceitos e os modos alternativos de inserção do psicólogo.
É necessário um esclarecimento sobre como o estagiário pode estar agindo na instituição e o supervisor deve conversar com esta instituição e propiciar esclarecimentos da função deste estagiário, buscando um consenso entre os profissionais e a instituição para que nesta haja abertura para a apresentação das idéias e sugestões dos estagiários para possíveis aplicações das ações no ambiente escolar, passando a serem participantes ativos do ambiente.
Os estagiários, no período em que estiverem na instituição, deverão buscar observar e identificar as necessidades da escola e propor intervenções junto aos professores e direção para melhorar o ambiente de trabalho, fazendo uso das ferramentas de um programa de intervenção, esclarecendo as pessoas de que os resultados dependerão do apoio de todos e de que eles poderão surgir a médio ou em longo prazo.
Um ponto a ser discutido é o sentimento de despreparo que o estagiário pode manifestar diante da instituição escolar e de situações que surgirem. Este sentimento pode se manifestar devido à falta de contato prático com as situações em um ambiente profissional. Desta forma, o estagiário deverá se aperfeiçoar de acordo com a necessidade e/ou buscar apoio de seu supervisor.
Portanto, será com o embasamento teórico que ele conseguirá ter eficiência em suas práticas, mas contando também que a prática irá lhe propiciar muitos conhecimentos, que só seriam aprendidos desta forma.
O profissional deve saber os elementos constituintes dos sistemas da educação. Deve ter a capacidade de poder trabalhar em equipe e visualizar a instituição como sendo única em relação a outras.
Para realizar um processo interventivo os estagiários devem receber um acompanhamento de um supervisor e buscarem juntamente com este, um preparo para aplicarem suas ações de forma calculada e eficaz, com o objetivo de ajudar a instituição.
A distância entre teoria e prática ainda é muito grande. A própria teoria possui pouca prática, já na prática possui considerável teoria. Quando saímos das universidades e nos tornamos profissionais, saímos com um bom embasamento teórico, portando várias habilidades em nosso currículo, mas e na prática, será que temos toda essa informação e habilidade? Por mais que tenhamos que aprender na prática, a base para ela devemos aprender nas faculdades e universidades por mais que as situações sejam únicas.
Sabemos e temos noção da integralidade das pessoas e também sabemos que as necessidades de que as pessoas têm são bem mais amplas do que as propostas feitas pelas técnicas teóricas, por isso da necessidade de articulação das faculdades e universidades entre a vivência do profissional, o conhecimento que a ele foi passado e o conhecimento que foi adquirido na prática profissional.