sexta-feira, 15 de junho de 2012

Processo de Identificação


O que vem a ser identidade? Quem somos? De onde viemos? Onde vivemos? Será nossa personalidade? Perguntas estas que podem nos ajudar a responder sobre nossa identidade e que somente cada um de nós possui a resposta.
Identidade é um tema de pesquisa para muitas pessoas, cientistas, filósofos e sociólogos principalmente, pois, todos na sociedade possuem uma identidade e o outro que possui uma identidade vai se refletir diretamente na minha e a minha na dele.
Deparamos-nos constantemente com as identidades dos outros, pessoas que achamos conhecer e em alguns momentos podemos nos surpreender, e podemos chamar assim de identidade oculta.
Com um olhar critico sobre os programas de TV podemos observar muitos conhecimentos sobre identidade do outro, saber identificar muitas ações e acontecimentos, mas volto a afirmar que devemos ter um olhar critico, pois, a TV pode corromper a opinião de seus telespectadores.
Desde o inicio de nossa vida vamos construindo e modelando nossa identidade. Somos nossos próprios narradores e personagens e influenciamos a identidade dos outros e somos influenciados.
Sofremos muito com as identidades ocultas das pessoas que nos rodeiam, pois, não conhecemos as pessoas na realidade, assim estaremos conhecendo algumas máscaras que vestimos e vestem se escondendo na ocultação.
Identidade esta em constante metamorfose, e algumas destas mudanças são previsíveis e influenciadas pelas condições sociais e valores pessoais.
Será que vocações têm ligação com a metamorfose da identidade? Cada um de nós tem a capacidade de responder a esta questão, uns podem responder afirmativa e outros negativamente.
Todas as pessoas sem distinção possuem identidades, até mesmo os loucos. Mas existe a necessidade de que aja espaço para o desenvolvimento desta identidade permitindo assim que aflore essa diferença ou igualdade e não permitir que fique sufocado por causa de ideais de outras pessoas que os rodeiam.
Identidade são informações práticas significativas que compartilhamos com outros indivíduos na sua singularidade. Identidade é ser diferente e igual ao mesmo tempo.
Vamos nos conhecendo a partir do momento em eu vamos conhecendo o outro, sua história, suas tradições, normas e interesses que estão inseridos em um determinado grupo social no qual faço parte e é pela ação que vou produzindo que vou me tornar algo.
Podemos chamar a identidade de processo de identificação que tem como base nos fenômenos sociais e não naturais. Mas não podemos nos fixar unicamente nos fenômenos sociais para caracterizar a identidade, devemos ter também um olhar introspectivo.
Seria um erro se fossemos tentar saber sobre a identidade de um individuo se não levássemos em consideração os elementos biológicos, psicológicos e sociais, pois, são esses elementos em grande parte que darão origem às características e consolidação da identidade.
Mesmo sem saber nós nascemos com uma identidade social, vinculado a nossa existência, pois, adotamos imediatamente papéis, junto à sociedade, passamos a ser filho de uma determinada família e apenas incorporamos esta identidade social familiar, que nossos familiares já possuem. Para que essa identidade social se concretize, precisamos nos relacionar para confirmar essa representação.
Esta identidade filial que assumimos quando nascemos, nós não conquistamos e sim é nos dada. Apenas damos certa continuação na representação familiar, pois, é um continuo processo de identificação. Com o passar dos anos, os filhos irão crescer e levarão consigo esta identidade que estará sendo modernizada, atualizada conforme o avanço da sociedade.
Vamos assumindo papéis na sociedade, e esta posição que tomamos nos garante uma nova identidade social que me torno conhecido. Existem identidades que nos são dadas e outras que vamos conquistando. Identidades que não desaparecem, pois, uma identidade servira de base para a construção de outra por isso é difícil dizer qual a origem de cada uma por que estamos em constante processo de socialização e nos relacionamos constantemente.
Mesmo possuindo uma identidade própria temos que seguir normas sociais para que esta estrutura continue se estabelecendo e não se corrompa, dessa maneira afirmando que este tipo de papel social que nos identifica nos é dado e não conquistado.
Este caráter chamado identidade vem de uma história de produção humana que foi se desenvolvendo juntamente com as possibilidades dos homens formando a sociedade e afirmando que a substância humana não é um ser isolado, pois, sua natureza é viver em humanidade, em grupos.
A cada instante que faço parte da sociedade, através de ações e vivências, vou construindo e faço parte de mim-mesmo. Nossa identidade se concretiza ao redor da multiplicidade. Em nosso interior está oculto muitas faces que um dia irão desabrochar como uma flor, que um dia foi semente, cresceu e ser transformou assumindo uma função na natureza. Assim somos nós, nascemos como semente e devemos crescer e nos socializar para desenvolvermos e assumirmos nossa identidade e os diversos papéis.
Com o nascimento de um ser humano, desde aquele instante ele passa a ser sociável e irá ser assim até o seu fim. É impossível ele deixar de ser um humano social, por que faz parte de sua história.
Sociedade e identidade não são as mesmas coisas, mas interagem juntas, se completam, pois, uma forma a outra. O individuo deve se reconhecer dentro da sociedade para se constituir um ser humano e reconhecer os outros também como seres humanos para fazer parte de uma existência e constituir uma história.
Assim como você, também possuo uma identidade que foi se concretizando com a somação de experiências vivenciadas. Momentos em que vivi sozinho ou em grupo, com minha família e o circulo de amigos.
Possuímos algumas identidades, assim como possuímos mascaras que vestimos em diversos momentos do dia-a-dia e que irão se formar aos poucos juntamente com o desenvolvimento de cada um.
Nós precisamos do outro para nos identificarmos, por que não conquistamos uma identidade sozinhos, necessitamos nos relacionar para que ocorra este processo de identificação.

Quanto Tempo o Tempo Tem!

“O Tempo perguntou ao Tempo, quanto Tempo o Tempo tem, o Tempo
respondeu ao Tempo que o Tempo tem tanto Tempo quanto Tempo, Tempo
tem.”

Muito prazer sou o Senhor Tempo, e desperto reflexões e interesses de várias pessoas em variadas áreas, desde acadêmicos até as pessoas que tem o interesse de tentar explicar os problemas que estão envolvidos em nossa vida cotidiana. Com certeza, esta preocupação não é tão recente para o homem, voltando à filosofia antiga, desde os hebreus chegando até os gregos, pela filosofia cristã, pela filosofia moderna até os dias atuais.
Muitos de nós, devido a nossa rotina diária “moderna”, assumimos sem saber que o tempo adota um ritmo próprio, sem sofrer influências. O tempo é o único que não pára, sempre irá prosseguir mesmo que o funcionamento de algum processo seja interrompido.
Gerson Luis Trombetta comenta que: “O sentimento intuitivo de que o tempo é universal e absoluto seguidamente entra em conflito com certas experiências que fazemos com o próprio tempo.”
Uma experiência que nos assombra é a de que existe uma desconfiança objetiva do tempo que surge quando realizamos comparações com nossa “definição interna” do tempo. Essa definição interna do tempo abrange uma consciência permanente que pode variar dependendo da nossa atenção ao presente. Se a atividade que estamos desempenhando é interessante, é normal que “esqueçamos” do tempo e este parece ser curto. Já de outra forma, quão mais atenção dedicamos ao tempo, mais longo ele parecerá.
O incerto tempo continuamente inspira edição de filmes e livros. Há certo deslumbre ao redor da influência do tempo, mesmo que seja para voltar ao passado, ir para o futuro ou meramente pará-lo.
Definitivamente ninguém sabe quanto tempo o tempo tem, mas sabemos que não temos muito tempo para muitas coisas. Parando para avaliar, fico surpreso com a quantidade de coisas que eu faço, mesmo não arranjando muito tempo. Quando eu realmente tinha tempo, não usufruía, bem como quanto mais tempo eu tinha, mais tempo eu desprezava refletindo no que eu poderia realizar no tempo que eu possuía.
A teoria científica e filosófica do tempo tem sido um elemento de meditação por parte de muitos especialistas e filósofos. Porém, atualmente o que mais tem se revelado como um campo de interesse, por ambas as áreas, é como o tempo está sendo aproveitado na contemporaneidade.
Olinda Maria Noronha (2003) comenta que:

“Nas ciências e nos conceitos propostos antes de Kant (1724-1804), o espaço teve um papel preponderante, sendo que o tempo estava determinado pelo espaço e a ele subordinado. Leibniz (1646-1716), por exemplo, sustentava que assim como o espaço é uma ordem de coexistências, o tempo é uma ordem de sucessões que fluem de modo uniforme. Kant critica Leibniz ao desenvolver uma doutrina do tempo na Crítica da Razão Pura, negando que o tempo seja um conceito empírico derivado da experiência, sendo, portanto, uma representação necessária que subjaz em todas as nossas experiências, ou seja, uma forma de intuição a priori.”

Estas exposições têm como objetivo somente realçar a valor da discussão sobre o tempo para o aperfeiçoamento da ciência histórica e para a compreensão da historicidade humana.
Na atualidade nós nos entregamos de forma obsessiva ao controle exercido pelo tempo e no final das contas não acaba sobrando mais nada de tempo útil. A dor da “falta de tempo”, tem a ver absurdamente com um exagero de atenção que damos a ele, esquecendo “temporariamente” daquilo que praticávamos perfeitamente na infância.

Relação Entre Psicologia e Religião

 
 Todas as religiões em nossa sociedade são válidas até certo ponto, vendo do ponto de vista que todas recolhem e conservam imagens simbólicas que vêm do inconsciente, formando-as em dogmas, realizando conexões com as estruturas básicas da vida psíquica. Esta construção de imagens religiosas simboliza o elo à nossa origem que vêm de um efeito dinâmico que aos poucos vai dominando o ser humano, porque é independente de sua vontade.
A religião pode tomar uma concepção de profissão de fé ou uma experiência ou uma serie de experiências primordiais, no qual o homem se insere em uma relação com um sagrado. No primeiro caso a apresentação de religião se dá como um grupo de representações fixas, símbolos nos quais a definição cultural se impõe às relações psíquicas naturais e geralmente as oculta. A religião supõe uma crença e a divulga como sendo um emaranhado de dogmas, e não existe o impedimento de uma probabilidade de uma relação direta entre o crente e seu Deus. Apresenta-se através de ritos e liturgias, como sendo mediadora graças à qual o homem se encontra com o divino.
Ocorre a divulgação de uma divisão no individuo em corpo, alma e espírito, no qual sua função era evitar dissociações neuróticas, que se consegue através do autoconhecimento, do encontro entre o Ego e o Self, entre a realidade física e a psíquica. Por isso é importante o ser humano desenvolver uma atitude religiosa, independente do credo ou do dogma.
O “Deus” ou também as “divindades” estão muito distantes do alcance do humano e se revelam como imagens psíquicas, ou seja, símbolos. E as pessoas para se aproximarem mais do seu Deus realizam os ritos. Os símbolos são ideias religiosas; sob a forma de ação, são ritos ou cerimônias. São manifestações e expressões do excedente da libido. Estes símbolos são inerentes à linguagem das religiões. Símbolos envolvidos em verdades incontestáveis e bem organizados.
As principais figuras simbólicas de uma religião constituem sempre a expressão da atitude moral e espiritual específica que lhe são inerentes. A percepção de uma figura religiosa pelos sentidos apoia a transferência da libido para o símbolo.
As bases das imaginações simbólicas vêm diversos pontos socioculturais, inclusive da religião, sabendo que a ansiedade e a utilização destes símbolos são acontecimentos sociais. O homem é um ser dependente dos sistemas simbólicos, por que se tornam determinantes para sua viabilidade como criatura. E qualquer suspeita de que não somos capacitados para enfrentar um ou outro jeito da experiência provoca em nós uma grande ansiedade, que irá nos corromper por que sabemos que não somos capazes de enfrentar o caos.
Não temos limites para nossas imaginações, por que a consciência se sobrepõe ao inconsciente e é deste que irá brotar novamente. Não conseguimos fixar limites para a consciência, pois teoricamente pode se estender infinitamente, mas chega a um ponto em que ela encontraria seus limites quando atinge o desconhecido. Desconhecido este que se divide em interior e exterior que são os objetos de experiência.
O inconsciente possui dois jeitos: um que é bom e outro que é mau. O inconsciente é a fonte próxima de nossas experiências religiosas. São nos confrontos entre o bom e o mau, entre o inconsciente e consciente que a personalidade irá amadurecer e se tornar uma única composição, como sendo um individuo especifico ou inteiro, identificando-se como um processo de identificação.
Nas profundezas da psique se encontra o arquétipo de Deus e com as experiências interiores e exteriores a um confronto que poderia desintegrar o Ego. E em defesa disto o homem realiza os determinados rituais. Estes servem como proteção entre o divino e o humano: entre a imagem de Deus que é presente e o Ego.
Existem verdades psíquicas que não podemos recusar, mesmo que sejam difíceis de explicarem. Todas as religiões vêm do mesmo lugar: o inconsciente coletivo através de experiências. O que existe são modelos de Deuses que são formados em nosso inconsciente. É o contato com os “mistérios” de cada religião que se expressa simbolicamente com o nosso inconsciente, satisfazendo nossa religiosidade. Esses mistérios sempre foram à expressão de uma condição psicológica fundamental.
Assim, fazendo uma análise, percebesse que as religiões acabam se encontrando enquanto houver uma função psicológica em uma determinada sociedade e cultura, surgem da natureza. E esta simbologia deixa de ser cósmica e passa a ser um acontecimento psíquico.
A religiosidade poderia ser desenvolvida, cultivada ou aprofundada como uma função psíquica, mas também poderia ser negligenciada, reprimida ou corrompida. Sabendo que a função psíquica procura um caminho para conseguir descarregar suas energias. Um caráter religioso também pode conceber um sentimento; por que as devoções às ideias de Deus podem existir, desde que seja absoluta. Para praticar uma verdadeira religião, deveríamos vivenciar diversas experiências que nos levariam a alcançar uma perfeição conscientemente às realidades inconscientes.
Mesmo que o homem tentasse se livrar de Deus, jamais conseguiria, por ser, no fundo de sua psique, religioso, teísta, possuindo em seu ser mais profundo um dinamismo que o motivaria ao encontro de Deus. Um sujeito ateísta seria aquele que não permite este dinamismo que o motivaria para Deus, que faz um corte com o consciente e o inconsciente. Por isso existe o papel do psicólogo terapeuta, auxiliar o paciente na reconstrução de uma “religião” verdadeira que seja íntima de si-mesmo.
As inúmeras experiências do que vem a ser divino nos levam a comparações psicológicas que, podem levar a protestos por parte das pessoas que defendem infinitamente a religião, como os teólogos, para verificar a veracidade das palavras e certas imagens. Pode ser que as experiências não existam, ou então que ocorra um devaneio conceitual, ou ainda que o divino seja arrastado para imagens e experiências que não são consideradas sagradas. Por causa disso as imagens e experiências surgem ao psicólogo como uma continuação da revelação dentro e através da alma, sem limites, e para além dos confinamentos de qualquer dogma. Estas duas situações são aspectos coletivos compartilhados pela mente de todos nós na sociedade em que vivemos atualmente.
Profissionais que trabalham com a saúde mental devem considerar a religião, por que esta representaria o que existe de mais antigo e universal na mente humana, para que não sejamos considerados pessoas que possuem um grande vazio em nossa mente tão pequena. Mas com base em inúmeras experiências sabemos que é o contrário.
Em culturas que são consideradas tribais, por exemplo, o mito e a religião formam uma unidade de Deus em Jesus já existente. Já a religião está ligada ao conceito de arquétipo, elementos estes que são apresentados como ideias e imagens.
Todos sabem que Deus é um mistério, e tudo o que falam sobre este mistério é dito e acreditado pela maioria dos seres humanos. Criamos conceitos e imagens coletivas, mas cada ser em sua individualidade pode criar uma imagem diferente de todas as outras. Mas a verdade é que ninguém realmente sabe com o que se parece, pois quem o conseguisse fazer seria ele próprio um deus.
Assim como acredito, também não acredito na religiosidade, mas realmente sinto um poder de natureza muito pessoal e um controle que às vezes é desconhecido, mas que costumo chamar de “Meu Deus”.
O limite entre o religioso e o psicológico é perceptível. A Psicologia brotou da Psiquiatria, da Psicopatologia e da Fisiologia. Uma ciência que possui um objeto de estudo. Hoje a consideramos como a ciência do comportamento humano com várias escolas que falam a respeito de ser e viver. Já a religião tem um componente metafísico, uma procura do transcendente do mundo com a busca do divino, do que é sagrado. São considerados objetos de percepção diferentes.
É o próprio ser humano que não se conhece que se destrói, que se auto arrasa. Cada vez mais o ser humano está se distanciando do universo inútil em relação a si mesmo. Está fugindo de si próprio por que não está se aguentando. De tal modo estamos avançando na nossa caminhada que chegará um tempo em que nós nos conheceremos realmente, para ver que temos uma herança interna imensa a ser descoberta.
É aceitável dizer que o ser humano é diverso e múltiplo, ninguém é igual a ninguém e nem deve ser. Nós fomos criados por um Deus e fomos aos poucos nos desenvolvendo com o passar das décadas. Muitas pessoas se perguntam qual seria então a relação entre Religião e Psicologia? Será que Jesus com toda a sua fé e religiosidade seria o maior psicólogo do mundo?
A relação entre estas duas incógnitas devem ser as mesmas que as entre ciência e fé. Por exemplo, ninguém contraria que certos problemas pertencem ao médico, e somente a ele, cabe medicar. Quando alguém próximo a nós fica doente, talvez uma de nossas atitudes seja rezar, mas nem por isso deixamos de levá-lo a um médico. O mesmo deve acontecer com o psicólogo: quando sabemos que alguém esta sofrendo psiquicamente, é ao psicólogo que deve ser encaminhado, portanto isso não anula a oração das pessoas crédulas. Porém somente a oração não irá garantir melhora alguma, devemos tratar cada problema em sua necessidade contextual.
A religião divulga certas características psicológicas do homem, que são divididas com os integrantes de uma sociedade. Existe uma relação entre Psicologia e Religião; a Psicologia não se reprime a caracteres religiosos e vice-versa. O psicólogo não é um agente pastoral disfarçado. A religião, no entanto se torna objeto de apreciação psicológica. Portanto o papel do religioso, quanto do psicológico, conserva-se protegido.
Será que Jesus foi o maior psicólogo que existiu até agora? Isso irá depender se nós aceitarmos ou não. Se acaso formos aceitar que Jesus apenas curava doentes mentais; ou se aceitamos que naquela época um problema médico exigia a presença de um psicólogo para que analisasse as situações de “doença mental”, e se acaso hoje em dia os psicólogos apenas aplicam uma religião mal feita, então poderíamos dizer que Jesus foi o maior psicólogo que já existiu.
Portanto é melhor acreditar que Jesus estava lá para fundar uma religião do que para acabar montando um consultório. Jesus não foi apenas isso, Ele foi muito mais do que nós pensamos em acreditar no que ele fez.
Quando falamos em religiosidade e quando movimentamos tal objeto com certo bem estar psicológico é possível que nossos problemas tenham uma consequência diferente dos cristãos protestantes ou católicos de países ocidentais, budistas, religiões africanas ou para membros de outros grupos étnicos, assim como também para membros de pequenas seitas. No mesmo significado, em países ocidentais, a religiosidade poderá ter explicações, e consequências diferentes para as pessoas de diferentes grupos sociais.
Supostamente quase em sua totalidade os problemas de saúde que aborrecem os humanos são concretizações de problemas emocionais e do estresse. Estes problemas podem ser abolidos com certa facilidade de fé, orações, visitas a santuários e mais diversos curadores de toda parte, mas para quem realmente acreditar em seu poder. No entanto a cura pode ser casual, por que as fontes geradoras do problema não são eliminadas pelo curador. E também a religião não irá aumentar nossos conhecimentos em relação à saúde e doenças.
Visivelmente não existe nenhuma semelhança entre religiosidade, à fé e o surgimento de doenças, principalmente os que estão ligados à herança genética, como os cânceres, problemas cardíacos, circulatórios, infectocontagiosas e as doenças mentais. Até porque os vírus e bactérias não conhecem a nossa fé.
Porém temos que saber a diferença entre a origem da doença e seu desenvolvimento depois de instalada. Por que existem pessoas doentes que logo desanimam, entregando-se e morrem com facilidade. Já outros são firmes na esperança, acreditam na cura, e lutam mais, mesmo em doenças que supostamente sejam incuráveis, vivendo assim por mais tempo.
Outra situação importante é a origem das doenças. Sabemos claramente que as doenças surgem por razões naturais e nunca por coisas do além, ou sobrenaturais, lógico para quem acreditar... Mesmo sabendo que a uma origem natural para nossos males, temos que banir causas naturais que são resultados de superstições. Mau olhado, astrologia, porque, acredito que pensamentos e sentimentos não têm o poder de estar causando prejuízos aos outros. Pensar, ou falar a palavra “morte”, não quer dizer que irá atrair esse mal a você ou a outra pessoa no qual você deseje, também a perca de tempo com trabalhos de macumba, vodu, ou qualquer outro ritual espiritual possa prejudicar alguém, porque são totalmente inúteis, pois são as únicas coisas que podem causar medo com todas as suas consequências em pessoas que são muito crédulas e supersticiosas.
Acredito que nenhum ser humano poderá prejudicar aos outros através de maldição, orações e bruxarias. Deus incontestavelmente não aceitaria servir de base para um castigo para pessoas que não tem o hábito de praticar a compreensão e caridade para com o próximo. Todas as maldições são utópicas e são inúteis, mesmo que sejam ditas por autoridades religiosas.
Deus não daria força alguma para o diabo ter o poder de causar doenças. É provável que antigamente, nos tempos bíblicos, praticamente todas as enfermidades eram aplicadas aos maus espíritos. Aliás, os antigos imaginavam que o mundo estava povoado por espíritos maus e bons e praticamente o que acontecia aos humanos era comandado pelos espíritos. Coisas como bons pensamentos, sentimentos nobres eram gerados por espíritos bondosos. Já o contrário disto, como os acontecimentos ruins foram gerados pelos espíritos maus, por que naquela época ainda não se sabia a respeito da química das emoções, nem dos micróbios, bactérias e vírus. Estes tipos de crenças entre o bom e o mau, são existentes nos pensamentos e práticas de muitas pessoas como os protestantes e católicos pentecostais, umbandistas que são uma religião inserida na religiosidade cultural brasileira, espíritas e outros.
Deus não castiga e nem prova nada a ninguém. Ele conhece tudo a nosso respeito. Não precisa de provas. Não fica distribuindo pela sociedade doenças. Se o fizesse, seria muito injusto.
Para comprovar isso é só comparar os níveis de saúde e a duração de vida nos países do Primeiro Mundo, bem menos religiosos e mais materialistas, com a mortalidade e doenças dos países pobres, mais religiosos e menos materialistas.
Em uma frase é possível resumir os problemas desta espécie: são frutos de nossas injustiças. Por que a maior parte dos nossos problemas da saúde do Terceiro Mundo é causada pela pobreza, falta de investimentos e educação e sistema hospitalar, ignorância, sujeira e desânimo. E por isso não temos o poder de atribuir à vontade de Deus, seria a maior mentira que cometeríamos.
Conseguimos observar a mesma coisa no relacionamento das pessoas com Deus. Por que as pessoas na maioria das vezes se relacionam com Deus por causa de seus interesses pessoais e imediatos. Querem fazer exploração do seu Deus, fazer com que ele preste serviço a esta pessoa e às vezes quando não são atendidos partem para o conflito e frustração. Culpam Deus, dizem-se decepcionados e cobram muito. Na verdade é comum que o ser humano imagine um Deus mais a imagem dele próprio do que ele querer repetir em si a imagem de Deus. Então ai que surge o nosso papel de interesseiros e Deus é tão desinteressado e generoso.
Cada vez com mais frequência pessoas religiosas buscam sacerdotes para fazerem uma orientação em seus problemas que são visivelmente de ordem psicológica. Mas é lógico que algumas destas pessoas pensam que seus problemas são simplesmente espirituais e esperam que o sacerdote consiga lidar com estes problemas espirituais, quando na realidade estes problemas são de ordem natural, psíquica e relacional. Estas pessoas vão procurar o sacerdote, o centro espírita, o pastor ou o pai-de-santo, quando na verdade seria mais vantajoso procurar um psicólogo e de preferência que ele conheça este universo misterioso de nossa cultura religiosa.
Sabemos que os religiosos trabalham com dados da fé, afirmações religiosas e teológicas. Trabalham com dogmas, revelações divinas e valores. Eles não têm por obrigação de serem cientistas. Já do outro lado, o psicólogo tem a obrigação de ser bem conhecedor em ciências.
Quanto mais o psicólogo souber sobre ciência, melhor será para o seu cliente. Ele, porém trabalha basicamente com afirmações de ordem cientifica. Os religiosos trabalham com fé, dogmas, mandamentos e doutrinas certas. Além disso, se espera que o sacerdote, ou o conselheiro religioso seja um bom pastor, isto é: que ele ame a pessoa que o procura, que sinta no coração um pouco de compreensão e misericórdia, que tente representar a infinita bondade do coração de nosso Deus. O sacerdote de forma alguma vai trabalhar com dados mais objetivos do que o psicólogo. Enquanto isso, o psicólogo se importa mais com a subjetividade do cliente. Interessa-se mais pela forma com a pessoa vai se relacionar com os dados de sua fé, e principalmente, como ele é atingido, afetado e transformado pelos dados religiosos. O psicólogo é um agente de saúde mental. É a saúde, o bem-estar, a qualidade de vida que importam em primeiro lugar.

Considerações Finais

Realmente estou convencido de que não só o psicólogo, mas também o padre precisam ter a qualidade de vida das pessoas às quais serve como objetivo número um de sua atividade.
O bem-estar no seu todo deve ser objeto de cuidados de quem serve o irmão, tanto no psicólogo, no sacerdote, como em qualquer religioso. Como afirmava anteriormente, preocupo-me com a forma pela qual a religião afeta o espírito, a mente, o pensamento, as atitudes, ou seja, o modo de viver da pessoa.
Por si mesmo, o bem-viver é excelente alimentador da saúde. Minha impressão é a de que muita gente imagina que a religião só pode fazer bem, pois ouço muitas vezes a observação: "Está faltando religião".

Agradeço a Lilian Yara Gomes pela ajuda na tradução de uma parte do trabalho.

Análise do Filme "Meninos Não Choram" - Segundo a Teoria de Erik Erikson Sobre a Formação da Identidade

Erikson em uma de suas obras apresenta uma teoria psicossocial do desenvolvimento, relatando fases fundamentais no relacionamento da pessoa com o mundo. Recebeu influências da psicologia freudiana, mas também dando suas contribuições sobre a sexualidade infantil, enfatizando a criança além da puberdade. Acredita que a personalidade é determinada pelas experiências infantis juntamente com as da fase adulta. Sua maior contribuição foi ter elaborado uma teoria do desenvolvimento humano, envolvendo todo o seu ciclo vital, da infância até a velhice.
Construindo suas fundamentações baseadas nos processos da epigênese, que é o desenvolvimento dos estágios de forma sequencial e definida, tendo que ser resolvido cada estágio de melhor forma para poder avançar de estágio. Caso isto não ocorra, os estágios posteriores sofrerão com desajustes resultantes dos estágios anteriores.
Com algumas influências de Freud, Erikson complementou com os seus estudos de forma especifica, afirmando que o desenvolvimento do ego não se resume em desejos intrapsíquicos ou energias internas, devendo ser levado em conta à criança em desenvolvimento, sua cultura e a sociedade.
Na adolescência algumas características da identidade são pré-estabelecidas e já estão internalizadas quando o individuo chega a essa fase, características como sexo, etnia, nível socioeconômico e raça. Nessa fase o adolescente começa a se auto - avaliar em diferentes dimensões como a aceitação da sociedade, habilidades acadêmicas, esportivas e profissionais e ainda aparência física. O adolescente ainda enfrenta o desafio de desenvolver uma identidade independente das dos pais.
Para o adolescente atingir uma identidade integrada Erik Erikson desenvolveu a teoria do desenvolvimento psicossocial ele elaborou oito estágios relacionados com o desenvolvimento do ciclo vital, representados por crises internas, período em que a pessoa se encontra em um quadro mais vulnerável. O modo ideal é passar pela crise, resolvê-la e obter experiência suficiente para avançar para o estágio seguinte.
Sem cronometragem de tempo especifico nos estágios, seu desenvolvimento é ininterrupto, mesmo que um predomine sobre o outro, podem sobrar vestígios, podendo assim, regredir de estágio.
Na sequência, comentaremos sobre os estágios, segundo Erik Erikson, e suas principais características:

Estágio 1: Confiança básica x Desconfiança básica

Inicia-se desde o nascimento até cerca de um ano. Uma das primeiras crises que o bebê enfrenta. Esta fase se emparelha com o desenvolvimento oral, em Freud, sendo a boca a região mais sensível do corpo. Sendo o ato da amamentação, a procura do seio, sugar e ingerir o leite completa as primeiras necessidades, tendo a mãe ter que atender prontamente a essas necessidades para poder completar este estágio e poder passar para outro, surgindo assim, outra necessidade, que é a confiança que deve existir entre ambos, iniciando através dos sentidos, se isso não ocorrer, perpetuará a desconfiança.
Quando ocorre a separação do seio para o bebê, pode dar início há um sentimento de tristeza e angústia para o bebê, mas se existir uma confiança concreta, o bebê desenvolverá um senso de esperança e otimismo.
Uma mãe que ofereça cuidados suficientes oferece também o suporte para o desenvolvimento da confiança, e usando desta confiança o bebê pode alcançar sua primeira conquista que é permitir que a mãe saia do seu campo de visão sem entrar em um estado de desespero ou raiva.

Estágio 2: Autonomia x Vergonha e Dúvida

Compreende o período de 1 a 3 anos. Aos poucos vai conquistando autonomia sobre os seus impulsos. Sente que existe diferença de pessoas (eu, você). Este estágio tem semelhança com a fase anal, em Freud. Para Erikson é a fase em que a criança segura seus esfíncteres ou as elimina.
Posteriormente, neste mesmo estágio, a criança aprende a caminhar sozinha, falar, alimentar-se e a controlar os esfíncteres. A criança desenvolverá autoconfiança se os pais derem esta autonomia a ela, aprendendo assim a se controlar e controlar o mundo ao seu redor. Se acaso os pais não concederem esta liberdade para alcançar sua autonomia, ficarem superprotegendo e ainda punindo suas ações, a criança ficara com vergonha e com raiva. Se os pais aprovam suas ações quando controladas, a criança desenvolvera sua autoestima e ficara com orgulho do que realizou. A superproteção por parte dos pais faz com que a criança fique impotente sobre suas poucas ações e com dúvidas em realizar novos comportamentos, sentindo-se pequena diante de seus pares ou das outras pessoas.

Estágio 3: Iniciativa x Culpa

Este período é dos três aos cinco anos. Sendo uma fase semelhante à fálica-edípica de Freud.
Sua curiosidade sexual aumenta neste período sendo impulsionada por brincadeiras que realiza com outras crianças tocando suas genitálias ou tocando as suas próprias. Os pais devem saber esclarecer para as crianças suas dúvidas em relação à sexualidade infantil.
Informar de um modo que elas entendam e procurar não mentir ou dizer palavras absurdas como: “... se continuar mexendo vou cortar fora...”, podendo causar problemas futuros ou apenas reprimindo com a chance de voltar a ocorrer no período da puberdade, tornando-se uma pessoa sexualmente reprimida.
Avançando nesse estágio, as crianças aos poucos vão realizando atividades motoras e intelectuais. A iniciativa da criança em realizar as tarefas vai depender de sua liberdade física e seu nível de curiosidade intelectual. Conflitos que ocorrem com a criança nessa fase, fazem com que ela acabe não experimentando todo o seu potencial intelectual e inibindo seu senso de ambição.
Já para o final deste estágio a criança vai estabelecendo sua consciência (superego). A criança vai aprendendo aos poucos o seu limite em seus comportamentos, mas que pode utilizar seus impulsos raivosos de forma construtiva, aprendendo o que é certo e errado. A punição em excesso não é muito bem visto por que pode bloquear e intimidar a imaginação da criança.

Estágio 4: Indústria x Inferioridade

Compreende o período dos seis aos 11 anos. Período em que a criança começa a frequentar a escola, juntamente com um grupo de outras crianças que estão em busca de novos aprendizados. Período este que corresponde à fase de latência em Freud, no momento em que as pulsões biológicas estão calmas e onde o relacionamento com seus pares é que irá perpetuar, dependendo também em qual cultura esteja inserido.
Chamado de indústria, devido a sua maneira de trabalhar e conquistar algumas habilidades de adultos. Aprende que é capaz de realizar determinadas tarefas e também de dominá-las, tendo prazer na realização destas, sentirá cada vez mais orgulho.
Este estágio pode trazer alguns resultados negativos como um sentimento de inadequação e inferioridade, em relação aos seus pares ou dentro da própria família. No mesmo instante em que Freud afirmava que o desenvolvimento da criança depende diretamente dos pais, Erikson afirmava que os acontecimentos sociais podem se opor a pais despreocupados. Um grande problema para a autoestima das crianças depende em qual ambiente escolar ela está inserida, se ele for depreciativo ou desencorajador, causará efeitos na criança, mesmo que seus pais tentem recompensar pelos fatores depreciativos, essa diminuição na autoestima não mudará significativamente.

Estágio 5: Identidade x Difusão de papéis

Tendo seu início por volta dos 11 anos até o fim da adolescência. Período este em que ocorrerá o desenvolvimento de uma noção sobre sua identidade, emparelhando-se com a fase da puberdade. Erikson conceitua a identidade como sendo uma característica que define quem é o individuo e para onde pretende se encaminhar. Uma identidade saudável e constituída através da realização das passagens bem sucedidas dos estágios anteriores e depende também de um bom relacionamento nos processos de identificação com seus pais.
Durante a constituição da identidade o adolescente, irá passar por várias etapas em sua sociedade, desenvolvendo também vários papéis que serão testados. Nos momentos de representação destes papéis, vários valores morais mudarão, mas ao final do processo, o normal é que o adolescente se enquadre em uma moldura constituindo sua identidade.
No entanto, quando isto não ocorre, o que acontece é uma crise de identidade, geralmente no fim da adolescência. Erikson considera essa crise como normal, vindo a chamar de “crise normativa”, não construindo assim uma identidade concreta, pois ocorre um rompimento na identidade com as representações dos papéis tendo como característica a falta de noção do eu e a noção do eu no mundo. Esta disfunção nas representações dos papéis pode expressar comportamentos ditos anormais e para compensar essa necessidade, o adolescente se une a grupos no qual se identifica.

Estágio 6: Intimidade x Auto absorção ou Isolamento

Período dos 21 aos 40 anos. Novamente neste estágio o seu sucesso vai depender da passagem pelos estágios anteriores e da interação do adulto com o ambiente em que vive.
Uma pessoa que passou por uma crise de identidade e conseguiu resolvê-la, não terá tantos problemas em seus relacionamentos, que é diferente da pessoa que passou por esta crise, mas não conseguiu resolvê-la, enfrentando assim, problemas com seus relacionamentos, buscando ficar em um estado de isolamento.
Nos momentos de intimidade deve existir a reciprocidade, que é o que ocorre com os adultos, onde tem a capacidade de compartilhar esta intimidade com outra pessoa, e no caso das crianças, este processo é o inverso, tendo que muitas vezes compartilhar esta intimidade com ela mesma, devendo buscar orientação com os pais. A crise deste estágio é quando a pessoa vai além das suas dependências anteriores formando novos contatos com diferentes grupos sociais.
Erikson usa a concepção de Freud, dizendo que uma pessoa normal deve ter a capacidade de amar e poder trabalhar, juntamente com isso, Erikson acredita que a reprodução, o divertimento e o trabalho dentro de um relacionamento amoroso, são fatores difíceis de serem alcançados.
Estágio 7: Generatividade x Estagnação

Compreende o período dos 40 aos 65 anos. Nesta fase da vida o ser humano optará por um destes fatores. O fator da generatividade não se volta somente na geração dos filhos, mas também nas atividades realizadas fora de casa. Até mesmo pessoas que não tem filhos podem ser generativas, usando do seu altruísmo e criatividade, mas mesmo tendo filhos não temos a garantia de que seremos generativos. Para conquistar este fator, as pessoas necessitam ter identidades próprias e concretas.
O fator da estagnação é um estado que não gera resultados. A falta de subsídios pessoais para ir além da criatividade se torna perigosa, devido ao fato de que o individuo não é capaz de aceitar o evento do não-ser e de que a morte é uma fase que pertence à vida, sem contestação.

Estágio 8: Integridade x Desespero e Isolamento

Fase da vida que vai além dos 65 anos. Sendo a velhice a ultima fase do ciclo da vida, segundo Erikson. Nesta fase são gerados conflitos entre a integridade e o desespero. Muitas vezes as pessoas que chegam até esta fase, sentem-se satisfeitos e realizadas, buscando somente aproveitar a convivência com seus familiares e ver os resultados do seu trabalho sendo aproveitado pelas gerações futuras. A pessoa deve buscar aceitar a posição que representa nesta fase da vida e de que ainda possui muitas responsabilidades, pois muitos na família saberão quem fomos, quem foram nossos pais e que serão nossos filhos.
Mesmo com a possibilidade de que exista um sentimento de que a vida não foi tão valorosa e satisfatória, mesmo gerando filhos, a pessoa idosa tem medo da morte sendo desesperador. Devemos ter a capacidade de reconhecer que a fase da velhice tem o significado de preparação, que devera ter iniciado nos estágios anteriores da vida. A sociedade deveria ofertar esse suporte, mas não é com frequência que vemos isso, ficando assim dependente de cada individuo.

ERIK ERIKSON E A TEORIA SOBRE A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE RELACIONANDO O FILME “MENINOS NÃO CHORAM”

Considerada uma história válida sobre esperança, medo e a coragem de ser você mesmo, onde a personagem Teena Brandon se passou por Brandon Teena e passou a viver uma nova identidade masculina, em uma pequena cidade de Nebraska chamada de Falls City.
Em seus primeiros momentos conseguiu passar uma imagem masculina as pessoas no qual convivia, mas quando a verdadeira identidade sexual de Brandon se torna conhecida, vai desencadear uma ordem crescente de violência na pequena cidade.
Este filme empreende as incoerências da identidade e juventude americana por meio da vida e da morte de Teena Brandon. Transversalmente de uma desordem do desejo e assassinato, é que surge a história desta jovem americana que esta a procura de um amor, de si mesmo e de um lugar que possa chamar de lar.
A jovem Teena, após decidir assumir a sua homossexualidade tem ainda que fugir dos preconceitos e negações da sociedade adotando uma nova identidade, no qual se transforma em um garoto, passando essa imagem para as pessoas no qual o conheciam, mas ele não era quem as pessoas pensavam ser.
Teena tem um desvio de personalidade que faz com que ela queira se parecer com e ter os mesmos comportamentos de um homem. Pressiona os seios contra o peito com uma faixa, utiliza uma “prótese” masculina do órgão genital e meia com enchimento, apara os cabelos e troca de nome. Acaba enganando todos, por um tempo, vai conquistando mulheres, mas por onde passa vai deixando pistas de alguns golpes que pratica como roubos e furtos. A policia esta a sua procura, mas Teena sempre aonde chega acaba conquistando as pessoas. Até o momento em que a mentira é insustentável e entra em uma condição de ser uma garota rejeitada pela sociedade através de suas escolhas.
Teena se desenvolveu em um âmago familiar precário e estava imersa em crises pessoais, conforme comentado anteriormente, assim ela foge para Falls City e é nesta cidade que ela conseguirá declarar sua identidade sexual masculina com certa liberdade. Age como um homem, mas por fatores biológicos e psicológicos demonstra sensibilidade, charme e delicadeza ao falar e ao se movimentar, características que não são aplicadas ao sexo masculino, assim Brandon chama a atenção das garotas. É assim que conquista Lana e os dois começam um tímido relacionamento amoroso, pois a adolescente começava a se inserir em um novo processo de identificação sexual e afetiva.
Lana é uma garota a qual Teena se apaixona e ambas aparentam não possuir uma grande confusão psicológica. Brandon parece estar convencida de suas preferências sexuais e não manifesta sua imprecisão entre ser uma mulher e desejar ser um homem, sendo típica nestes casos. Já Lana, também não apresenta conflitos, mesmo se apaixonando por uma figura que aparentemente é masculina, demonstra aceitar a verdadeira categoria de Brandon sem maiores anormalidades, ao oposto do que se imaginaria em uma situação como essa.
Em sua terra natal, Lincoln, que fica a aproximadamente a algumas dezenas de quilômetros da cidade de Falls City, Brandon era uma pessoa diferente, submergido em uma crise pessoal que a assustou durante muito tempo em seu período de existência. Assim como outros jovens, também cometeram erros e quando Brandon se impõe entre seu novo amor, Lana e o amigo dela, John, é que o segredo poderá ser revelado de formas violentas. No trecho de sua vida, por mais que tenha sido curta, Teena Brandon foi ao mesmo tempo um amante fantástico; um forasteiro preso em uma armadilha; um ladrão atrevido e uma vitima cruel de um crime injusto.
Uma provável descrição do caso de Teena Brandon é que o grande conflito na adolescência é a chamada crise de identidade e essa fase só estará terminada quando a identidade tiver encontrado uma forma que determinará, decisivamente, a vida ulterior, e Teena não conseguiu passar por essa crise. É importante ressaltar que o termo crise, adotado por Erikson, não é sinônimo de catástrofe ou desajustamento, mas de mudança; de um momento muito importante no desenvolvimento onde há a necessidade de se optar por uma ou outra direção, mobilizando recursos que levam ao crescimento. E a Teena quis esconder sua escolha e ficou vivendo na mentira de sua identidade, porque não quis enfrentar as consequências dessa escolha que seriam o preconceito da sociedade.
Uma segunda analise pode ser desenvolvida com base em alguns relatos que Teena não deixa muito claro no decorrer do filme, onde nas entrelinhas podemos perceber que Teena é fruto de uma família desestruturada, não conheceu seu pai e não sabe quem ele é. Cresceu em um ambiente conturbado, sua mãe não foi suficientemente boa, não respondeu as suas necessidades, o que fez com que ela desenvolvesse medos, receios, sentimentos de desconfiança que vieram a refletir na sua fase de adolescência. Como já relatamos a cima à teoria de desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson prediz que o crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao acaso e depende da interação da pessoa com o meio que o rodeia. No caso de Teena, a falta da figura paterna e o não comprometimento da mãe com a sua formação, fizeram com que seu crescimento psicológico fosse afetado, ficou imersa em crises pessoais, e com uma crise de identidade. É na crise de identidade, que o adolescente parte em busca de identificações, encontrando outros “iguais” e formando seus grupos. No caso de Teena ela interferiu na realidade de sua verdadeira identidade não aceitando que a sociedade soubesse da sua homossexualidade, e ao invés de procurar grupos “iguais” à realidade dela, Teena vai à busca de se misturar com um grupo “diferente” do seu, mas com uma falsa identidade, causando a revolta desse grupo e mesmo tendo evitado a se debater com o preconceito mesmo tardiamente isso acaba acontecendo.
Para Erikson o processo de formação de identidade começa a ter grandes destaques na adolescência, foi o que aconteceu com Teena, mas a garota não pode, ou melhor, teve tempo de integrar sua verdadeira identidade.
Este filme é uma representação espantosa e agonizante de uma jovem que há muito tempo busca pela sua identidade. Em outros casos cinematográficos os transexuais são representados de formas grotescas, superficiais, sem o intuito de inseri-los na sociedade, e singelamente na versatilidade com os discursos e simbolizações. Notamos no personagem de Teena Brandon um intenso mergulho psicossocial, tanto nas passagens em que são exploradas, as crises de identidade pessoal quanto às adoções que comprovam o impacto coletivo das escolhas da personagem.
Um dos piores problemas que um transexual enfrenta é o preconceito, pois muitas vezes não sabe como expressar esse gênero sexual para a família e para a sociedade e que muitas vezes recebem essa postura pessoal com muita arrogância e violência, tendo que sofrerem caladas na maioria das vezes e sofrendo abusos de outras pessoas e sendo ameaçadas devendo ficar em silencio para não sofrerem maiores consequências.
Este filme apresenta muita realidade, pois foi a partir de um fato real que foi originado e por isso tem um forte poder de corte com uma cultura simbólica pouco construtiva na patética aceitação e afirmação das identidades sexuais da sociedade.
Quando a ignorância domina, o ódio acaba vencendo e a tragédia se manifesta no horizonte. A dor é constante, o sentimento de derrota esta presente e o cheiro da morte se espalha pelo ar. Torna-se muito difícil ficar insensível diante da incapacidade das pessoas não aceitarem que os outros são diferentes, assumindo outras posturas, ideológicas, religiosas ou mesmo éticas que não se enquadram em nossos pensamentos. O pior é saber que algumas destas pessoas, ultrapassam os limites estabelecidos pelo bom senso, pelas normas que guiam o nosso cotidiano e, mesmo, pelas normas criadas pelos homens e por Deus partindo assim para as agressões físicas, para a violência incontrolável podendo chegar a causar mortes.
Quando estas diferenças aparecem na área da sexualidade às barreiras parecem se tornarem muito maiores. Existe uma grande dificuldade de entendimento quanto às escolhas homossexuais até mesmo das pessoas de paz e que são mais esclarecidas, no entanto, nestes grupos não aparecem referencias agressivas ou ataque diretos a comunidades de GLS.
A história verdadeira que nos foi apresentada nos conduz para uma área onde podemos analisar muito mais do que a falta de entendimento e a violência, lugar onde domina o preconceito e a ignorância ilimitada dos agressores covardes e sem caráter. Convivendo com estas diferenças existentes no mundo fazem com que ele se torne mais significante e nos permite crescer. Por mais que não entendemos ou somos contrários aos fatores que nos cercam, o mínimo que devemos fazer é respeitar a mesma.
O ambiente desta história se desenrola em um local carregado de preconceito, onde as pessoas vivem mal, ganhando pouco em seus empregos, assim a juventude fica sem muitas alternativas e vai vivendo suas desilusões se afundando no caminho dos vícios e a sexualidade como sendo mais uma forma de fugir da aflição existencial. É neste local que Teena Brandon se desenvolve, mas com ela é diferente, tem firmeza em suas escolhas, disfarçando suas origens femininas de forma a ofuscar a maioria das pessoas com as quais convive, fazendo-se passar por um homem.