sexta-feira, 15 de junho de 2012

Análise do Filme "Meninos Não Choram" - Segundo a Teoria de Erik Erikson Sobre a Formação da Identidade

Erikson em uma de suas obras apresenta uma teoria psicossocial do desenvolvimento, relatando fases fundamentais no relacionamento da pessoa com o mundo. Recebeu influências da psicologia freudiana, mas também dando suas contribuições sobre a sexualidade infantil, enfatizando a criança além da puberdade. Acredita que a personalidade é determinada pelas experiências infantis juntamente com as da fase adulta. Sua maior contribuição foi ter elaborado uma teoria do desenvolvimento humano, envolvendo todo o seu ciclo vital, da infância até a velhice.
Construindo suas fundamentações baseadas nos processos da epigênese, que é o desenvolvimento dos estágios de forma sequencial e definida, tendo que ser resolvido cada estágio de melhor forma para poder avançar de estágio. Caso isto não ocorra, os estágios posteriores sofrerão com desajustes resultantes dos estágios anteriores.
Com algumas influências de Freud, Erikson complementou com os seus estudos de forma especifica, afirmando que o desenvolvimento do ego não se resume em desejos intrapsíquicos ou energias internas, devendo ser levado em conta à criança em desenvolvimento, sua cultura e a sociedade.
Na adolescência algumas características da identidade são pré-estabelecidas e já estão internalizadas quando o individuo chega a essa fase, características como sexo, etnia, nível socioeconômico e raça. Nessa fase o adolescente começa a se auto - avaliar em diferentes dimensões como a aceitação da sociedade, habilidades acadêmicas, esportivas e profissionais e ainda aparência física. O adolescente ainda enfrenta o desafio de desenvolver uma identidade independente das dos pais.
Para o adolescente atingir uma identidade integrada Erik Erikson desenvolveu a teoria do desenvolvimento psicossocial ele elaborou oito estágios relacionados com o desenvolvimento do ciclo vital, representados por crises internas, período em que a pessoa se encontra em um quadro mais vulnerável. O modo ideal é passar pela crise, resolvê-la e obter experiência suficiente para avançar para o estágio seguinte.
Sem cronometragem de tempo especifico nos estágios, seu desenvolvimento é ininterrupto, mesmo que um predomine sobre o outro, podem sobrar vestígios, podendo assim, regredir de estágio.
Na sequência, comentaremos sobre os estágios, segundo Erik Erikson, e suas principais características:

Estágio 1: Confiança básica x Desconfiança básica

Inicia-se desde o nascimento até cerca de um ano. Uma das primeiras crises que o bebê enfrenta. Esta fase se emparelha com o desenvolvimento oral, em Freud, sendo a boca a região mais sensível do corpo. Sendo o ato da amamentação, a procura do seio, sugar e ingerir o leite completa as primeiras necessidades, tendo a mãe ter que atender prontamente a essas necessidades para poder completar este estágio e poder passar para outro, surgindo assim, outra necessidade, que é a confiança que deve existir entre ambos, iniciando através dos sentidos, se isso não ocorrer, perpetuará a desconfiança.
Quando ocorre a separação do seio para o bebê, pode dar início há um sentimento de tristeza e angústia para o bebê, mas se existir uma confiança concreta, o bebê desenvolverá um senso de esperança e otimismo.
Uma mãe que ofereça cuidados suficientes oferece também o suporte para o desenvolvimento da confiança, e usando desta confiança o bebê pode alcançar sua primeira conquista que é permitir que a mãe saia do seu campo de visão sem entrar em um estado de desespero ou raiva.

Estágio 2: Autonomia x Vergonha e Dúvida

Compreende o período de 1 a 3 anos. Aos poucos vai conquistando autonomia sobre os seus impulsos. Sente que existe diferença de pessoas (eu, você). Este estágio tem semelhança com a fase anal, em Freud. Para Erikson é a fase em que a criança segura seus esfíncteres ou as elimina.
Posteriormente, neste mesmo estágio, a criança aprende a caminhar sozinha, falar, alimentar-se e a controlar os esfíncteres. A criança desenvolverá autoconfiança se os pais derem esta autonomia a ela, aprendendo assim a se controlar e controlar o mundo ao seu redor. Se acaso os pais não concederem esta liberdade para alcançar sua autonomia, ficarem superprotegendo e ainda punindo suas ações, a criança ficara com vergonha e com raiva. Se os pais aprovam suas ações quando controladas, a criança desenvolvera sua autoestima e ficara com orgulho do que realizou. A superproteção por parte dos pais faz com que a criança fique impotente sobre suas poucas ações e com dúvidas em realizar novos comportamentos, sentindo-se pequena diante de seus pares ou das outras pessoas.

Estágio 3: Iniciativa x Culpa

Este período é dos três aos cinco anos. Sendo uma fase semelhante à fálica-edípica de Freud.
Sua curiosidade sexual aumenta neste período sendo impulsionada por brincadeiras que realiza com outras crianças tocando suas genitálias ou tocando as suas próprias. Os pais devem saber esclarecer para as crianças suas dúvidas em relação à sexualidade infantil.
Informar de um modo que elas entendam e procurar não mentir ou dizer palavras absurdas como: “... se continuar mexendo vou cortar fora...”, podendo causar problemas futuros ou apenas reprimindo com a chance de voltar a ocorrer no período da puberdade, tornando-se uma pessoa sexualmente reprimida.
Avançando nesse estágio, as crianças aos poucos vão realizando atividades motoras e intelectuais. A iniciativa da criança em realizar as tarefas vai depender de sua liberdade física e seu nível de curiosidade intelectual. Conflitos que ocorrem com a criança nessa fase, fazem com que ela acabe não experimentando todo o seu potencial intelectual e inibindo seu senso de ambição.
Já para o final deste estágio a criança vai estabelecendo sua consciência (superego). A criança vai aprendendo aos poucos o seu limite em seus comportamentos, mas que pode utilizar seus impulsos raivosos de forma construtiva, aprendendo o que é certo e errado. A punição em excesso não é muito bem visto por que pode bloquear e intimidar a imaginação da criança.

Estágio 4: Indústria x Inferioridade

Compreende o período dos seis aos 11 anos. Período em que a criança começa a frequentar a escola, juntamente com um grupo de outras crianças que estão em busca de novos aprendizados. Período este que corresponde à fase de latência em Freud, no momento em que as pulsões biológicas estão calmas e onde o relacionamento com seus pares é que irá perpetuar, dependendo também em qual cultura esteja inserido.
Chamado de indústria, devido a sua maneira de trabalhar e conquistar algumas habilidades de adultos. Aprende que é capaz de realizar determinadas tarefas e também de dominá-las, tendo prazer na realização destas, sentirá cada vez mais orgulho.
Este estágio pode trazer alguns resultados negativos como um sentimento de inadequação e inferioridade, em relação aos seus pares ou dentro da própria família. No mesmo instante em que Freud afirmava que o desenvolvimento da criança depende diretamente dos pais, Erikson afirmava que os acontecimentos sociais podem se opor a pais despreocupados. Um grande problema para a autoestima das crianças depende em qual ambiente escolar ela está inserida, se ele for depreciativo ou desencorajador, causará efeitos na criança, mesmo que seus pais tentem recompensar pelos fatores depreciativos, essa diminuição na autoestima não mudará significativamente.

Estágio 5: Identidade x Difusão de papéis

Tendo seu início por volta dos 11 anos até o fim da adolescência. Período este em que ocorrerá o desenvolvimento de uma noção sobre sua identidade, emparelhando-se com a fase da puberdade. Erikson conceitua a identidade como sendo uma característica que define quem é o individuo e para onde pretende se encaminhar. Uma identidade saudável e constituída através da realização das passagens bem sucedidas dos estágios anteriores e depende também de um bom relacionamento nos processos de identificação com seus pais.
Durante a constituição da identidade o adolescente, irá passar por várias etapas em sua sociedade, desenvolvendo também vários papéis que serão testados. Nos momentos de representação destes papéis, vários valores morais mudarão, mas ao final do processo, o normal é que o adolescente se enquadre em uma moldura constituindo sua identidade.
No entanto, quando isto não ocorre, o que acontece é uma crise de identidade, geralmente no fim da adolescência. Erikson considera essa crise como normal, vindo a chamar de “crise normativa”, não construindo assim uma identidade concreta, pois ocorre um rompimento na identidade com as representações dos papéis tendo como característica a falta de noção do eu e a noção do eu no mundo. Esta disfunção nas representações dos papéis pode expressar comportamentos ditos anormais e para compensar essa necessidade, o adolescente se une a grupos no qual se identifica.

Estágio 6: Intimidade x Auto absorção ou Isolamento

Período dos 21 aos 40 anos. Novamente neste estágio o seu sucesso vai depender da passagem pelos estágios anteriores e da interação do adulto com o ambiente em que vive.
Uma pessoa que passou por uma crise de identidade e conseguiu resolvê-la, não terá tantos problemas em seus relacionamentos, que é diferente da pessoa que passou por esta crise, mas não conseguiu resolvê-la, enfrentando assim, problemas com seus relacionamentos, buscando ficar em um estado de isolamento.
Nos momentos de intimidade deve existir a reciprocidade, que é o que ocorre com os adultos, onde tem a capacidade de compartilhar esta intimidade com outra pessoa, e no caso das crianças, este processo é o inverso, tendo que muitas vezes compartilhar esta intimidade com ela mesma, devendo buscar orientação com os pais. A crise deste estágio é quando a pessoa vai além das suas dependências anteriores formando novos contatos com diferentes grupos sociais.
Erikson usa a concepção de Freud, dizendo que uma pessoa normal deve ter a capacidade de amar e poder trabalhar, juntamente com isso, Erikson acredita que a reprodução, o divertimento e o trabalho dentro de um relacionamento amoroso, são fatores difíceis de serem alcançados.
Estágio 7: Generatividade x Estagnação

Compreende o período dos 40 aos 65 anos. Nesta fase da vida o ser humano optará por um destes fatores. O fator da generatividade não se volta somente na geração dos filhos, mas também nas atividades realizadas fora de casa. Até mesmo pessoas que não tem filhos podem ser generativas, usando do seu altruísmo e criatividade, mas mesmo tendo filhos não temos a garantia de que seremos generativos. Para conquistar este fator, as pessoas necessitam ter identidades próprias e concretas.
O fator da estagnação é um estado que não gera resultados. A falta de subsídios pessoais para ir além da criatividade se torna perigosa, devido ao fato de que o individuo não é capaz de aceitar o evento do não-ser e de que a morte é uma fase que pertence à vida, sem contestação.

Estágio 8: Integridade x Desespero e Isolamento

Fase da vida que vai além dos 65 anos. Sendo a velhice a ultima fase do ciclo da vida, segundo Erikson. Nesta fase são gerados conflitos entre a integridade e o desespero. Muitas vezes as pessoas que chegam até esta fase, sentem-se satisfeitos e realizadas, buscando somente aproveitar a convivência com seus familiares e ver os resultados do seu trabalho sendo aproveitado pelas gerações futuras. A pessoa deve buscar aceitar a posição que representa nesta fase da vida e de que ainda possui muitas responsabilidades, pois muitos na família saberão quem fomos, quem foram nossos pais e que serão nossos filhos.
Mesmo com a possibilidade de que exista um sentimento de que a vida não foi tão valorosa e satisfatória, mesmo gerando filhos, a pessoa idosa tem medo da morte sendo desesperador. Devemos ter a capacidade de reconhecer que a fase da velhice tem o significado de preparação, que devera ter iniciado nos estágios anteriores da vida. A sociedade deveria ofertar esse suporte, mas não é com frequência que vemos isso, ficando assim dependente de cada individuo.

ERIK ERIKSON E A TEORIA SOBRE A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE RELACIONANDO O FILME “MENINOS NÃO CHORAM”

Considerada uma história válida sobre esperança, medo e a coragem de ser você mesmo, onde a personagem Teena Brandon se passou por Brandon Teena e passou a viver uma nova identidade masculina, em uma pequena cidade de Nebraska chamada de Falls City.
Em seus primeiros momentos conseguiu passar uma imagem masculina as pessoas no qual convivia, mas quando a verdadeira identidade sexual de Brandon se torna conhecida, vai desencadear uma ordem crescente de violência na pequena cidade.
Este filme empreende as incoerências da identidade e juventude americana por meio da vida e da morte de Teena Brandon. Transversalmente de uma desordem do desejo e assassinato, é que surge a história desta jovem americana que esta a procura de um amor, de si mesmo e de um lugar que possa chamar de lar.
A jovem Teena, após decidir assumir a sua homossexualidade tem ainda que fugir dos preconceitos e negações da sociedade adotando uma nova identidade, no qual se transforma em um garoto, passando essa imagem para as pessoas no qual o conheciam, mas ele não era quem as pessoas pensavam ser.
Teena tem um desvio de personalidade que faz com que ela queira se parecer com e ter os mesmos comportamentos de um homem. Pressiona os seios contra o peito com uma faixa, utiliza uma “prótese” masculina do órgão genital e meia com enchimento, apara os cabelos e troca de nome. Acaba enganando todos, por um tempo, vai conquistando mulheres, mas por onde passa vai deixando pistas de alguns golpes que pratica como roubos e furtos. A policia esta a sua procura, mas Teena sempre aonde chega acaba conquistando as pessoas. Até o momento em que a mentira é insustentável e entra em uma condição de ser uma garota rejeitada pela sociedade através de suas escolhas.
Teena se desenvolveu em um âmago familiar precário e estava imersa em crises pessoais, conforme comentado anteriormente, assim ela foge para Falls City e é nesta cidade que ela conseguirá declarar sua identidade sexual masculina com certa liberdade. Age como um homem, mas por fatores biológicos e psicológicos demonstra sensibilidade, charme e delicadeza ao falar e ao se movimentar, características que não são aplicadas ao sexo masculino, assim Brandon chama a atenção das garotas. É assim que conquista Lana e os dois começam um tímido relacionamento amoroso, pois a adolescente começava a se inserir em um novo processo de identificação sexual e afetiva.
Lana é uma garota a qual Teena se apaixona e ambas aparentam não possuir uma grande confusão psicológica. Brandon parece estar convencida de suas preferências sexuais e não manifesta sua imprecisão entre ser uma mulher e desejar ser um homem, sendo típica nestes casos. Já Lana, também não apresenta conflitos, mesmo se apaixonando por uma figura que aparentemente é masculina, demonstra aceitar a verdadeira categoria de Brandon sem maiores anormalidades, ao oposto do que se imaginaria em uma situação como essa.
Em sua terra natal, Lincoln, que fica a aproximadamente a algumas dezenas de quilômetros da cidade de Falls City, Brandon era uma pessoa diferente, submergido em uma crise pessoal que a assustou durante muito tempo em seu período de existência. Assim como outros jovens, também cometeram erros e quando Brandon se impõe entre seu novo amor, Lana e o amigo dela, John, é que o segredo poderá ser revelado de formas violentas. No trecho de sua vida, por mais que tenha sido curta, Teena Brandon foi ao mesmo tempo um amante fantástico; um forasteiro preso em uma armadilha; um ladrão atrevido e uma vitima cruel de um crime injusto.
Uma provável descrição do caso de Teena Brandon é que o grande conflito na adolescência é a chamada crise de identidade e essa fase só estará terminada quando a identidade tiver encontrado uma forma que determinará, decisivamente, a vida ulterior, e Teena não conseguiu passar por essa crise. É importante ressaltar que o termo crise, adotado por Erikson, não é sinônimo de catástrofe ou desajustamento, mas de mudança; de um momento muito importante no desenvolvimento onde há a necessidade de se optar por uma ou outra direção, mobilizando recursos que levam ao crescimento. E a Teena quis esconder sua escolha e ficou vivendo na mentira de sua identidade, porque não quis enfrentar as consequências dessa escolha que seriam o preconceito da sociedade.
Uma segunda analise pode ser desenvolvida com base em alguns relatos que Teena não deixa muito claro no decorrer do filme, onde nas entrelinhas podemos perceber que Teena é fruto de uma família desestruturada, não conheceu seu pai e não sabe quem ele é. Cresceu em um ambiente conturbado, sua mãe não foi suficientemente boa, não respondeu as suas necessidades, o que fez com que ela desenvolvesse medos, receios, sentimentos de desconfiança que vieram a refletir na sua fase de adolescência. Como já relatamos a cima à teoria de desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson prediz que o crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao acaso e depende da interação da pessoa com o meio que o rodeia. No caso de Teena, a falta da figura paterna e o não comprometimento da mãe com a sua formação, fizeram com que seu crescimento psicológico fosse afetado, ficou imersa em crises pessoais, e com uma crise de identidade. É na crise de identidade, que o adolescente parte em busca de identificações, encontrando outros “iguais” e formando seus grupos. No caso de Teena ela interferiu na realidade de sua verdadeira identidade não aceitando que a sociedade soubesse da sua homossexualidade, e ao invés de procurar grupos “iguais” à realidade dela, Teena vai à busca de se misturar com um grupo “diferente” do seu, mas com uma falsa identidade, causando a revolta desse grupo e mesmo tendo evitado a se debater com o preconceito mesmo tardiamente isso acaba acontecendo.
Para Erikson o processo de formação de identidade começa a ter grandes destaques na adolescência, foi o que aconteceu com Teena, mas a garota não pode, ou melhor, teve tempo de integrar sua verdadeira identidade.
Este filme é uma representação espantosa e agonizante de uma jovem que há muito tempo busca pela sua identidade. Em outros casos cinematográficos os transexuais são representados de formas grotescas, superficiais, sem o intuito de inseri-los na sociedade, e singelamente na versatilidade com os discursos e simbolizações. Notamos no personagem de Teena Brandon um intenso mergulho psicossocial, tanto nas passagens em que são exploradas, as crises de identidade pessoal quanto às adoções que comprovam o impacto coletivo das escolhas da personagem.
Um dos piores problemas que um transexual enfrenta é o preconceito, pois muitas vezes não sabe como expressar esse gênero sexual para a família e para a sociedade e que muitas vezes recebem essa postura pessoal com muita arrogância e violência, tendo que sofrerem caladas na maioria das vezes e sofrendo abusos de outras pessoas e sendo ameaçadas devendo ficar em silencio para não sofrerem maiores consequências.
Este filme apresenta muita realidade, pois foi a partir de um fato real que foi originado e por isso tem um forte poder de corte com uma cultura simbólica pouco construtiva na patética aceitação e afirmação das identidades sexuais da sociedade.
Quando a ignorância domina, o ódio acaba vencendo e a tragédia se manifesta no horizonte. A dor é constante, o sentimento de derrota esta presente e o cheiro da morte se espalha pelo ar. Torna-se muito difícil ficar insensível diante da incapacidade das pessoas não aceitarem que os outros são diferentes, assumindo outras posturas, ideológicas, religiosas ou mesmo éticas que não se enquadram em nossos pensamentos. O pior é saber que algumas destas pessoas, ultrapassam os limites estabelecidos pelo bom senso, pelas normas que guiam o nosso cotidiano e, mesmo, pelas normas criadas pelos homens e por Deus partindo assim para as agressões físicas, para a violência incontrolável podendo chegar a causar mortes.
Quando estas diferenças aparecem na área da sexualidade às barreiras parecem se tornarem muito maiores. Existe uma grande dificuldade de entendimento quanto às escolhas homossexuais até mesmo das pessoas de paz e que são mais esclarecidas, no entanto, nestes grupos não aparecem referencias agressivas ou ataque diretos a comunidades de GLS.
A história verdadeira que nos foi apresentada nos conduz para uma área onde podemos analisar muito mais do que a falta de entendimento e a violência, lugar onde domina o preconceito e a ignorância ilimitada dos agressores covardes e sem caráter. Convivendo com estas diferenças existentes no mundo fazem com que ele se torne mais significante e nos permite crescer. Por mais que não entendemos ou somos contrários aos fatores que nos cercam, o mínimo que devemos fazer é respeitar a mesma.
O ambiente desta história se desenrola em um local carregado de preconceito, onde as pessoas vivem mal, ganhando pouco em seus empregos, assim a juventude fica sem muitas alternativas e vai vivendo suas desilusões se afundando no caminho dos vícios e a sexualidade como sendo mais uma forma de fugir da aflição existencial. É neste local que Teena Brandon se desenvolve, mas com ela é diferente, tem firmeza em suas escolhas, disfarçando suas origens femininas de forma a ofuscar a maioria das pessoas com as quais convive, fazendo-se passar por um homem.

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