quinta-feira, 28 de julho de 2011

Até mesmo Sigmund Freud salientou em sua obra que a extinção das classes sociais resultaria na competição sexual pelo parceiro do outro, pois o ser humano nunca abdicaria de sua ambição inata. Embora tal fato seja verdade, a visão de FREUD sobre o marxismo era míope, pois se a propriedade privada era um roubo, e todos a desejam, o correlato de tal fenômeno seria a supremacia do ego. Vemos tal fato em nossa atualidade na vaidade, narcisismo, academias, anabolizantes e toda a indústria da estética. A revolução é o desespero psicológico que arregimenta pessoas para que despertem algum tipo de sensibilidade perante injustiças que já nos acostumamos. É um clamor de união compensatório de diversos processos psicológicos de rejeição e abandono sublimados num ideal maior. Sua eficiência sempre dependerá da crítica e autocrítica constantes, assim como impedir a tentação de exacerbar o poder. Qualquer movimento não tem sua origem no problema em si, mas a união inconsciente de pessoas assoladas pela raiva, ódio, protesto que serão canalizados futuramente pelo que se convencionou chamar de liderança. É engraçado e estranho como a psicologia ficou apenas no individual, não estudando tais fenômenos, a política apenas vendo a superficialidade do macro, omitindo todas as raízes psíquicas que motivam as pessoas para atuarem em determinadas frentes de luta.

Talvez não haja nenhum outro assunto que cause mais náuseas nas pessoas do que a discussão política. Porém, nenhuma outra ciência que se encarregue das relações do estado com o cidadão adentra tão profundamente a vida do indivíduo. De uma hora para outra, podemos ser ceifados de nosso trabalho ou moradia seja por um decreto ou ainda algum desastre na conjuntura política e econômica. Embora muito se tenha falado no papel social do psicólogo, o tão famoso “agente de mudança”, a verdade é que a psicologia sempre se omitiu de uma visão crítica da política. Como as relações individuais são um micro desta última, logo concluímos a grande lacuna que a psicologia desenhou em sua história. Os primeiros regimes socialistas após a revolução de 1917  na RÚSSIA, viam com aversão a psicologia, classificando-a de pequeno-burguesa do ponto de vista do materialismo histórico e científico. O fato que jamais foi levantado, é que ambas as instâncias perderam pelo não entrosamento; a psicologia perdeu a oportunidade de uma visão dialética e politizada do ser humano, e a era revolucionária perdeu a oportunidade de tratar o ódio após a conquista do poder, que resultou na transformação do sonho de igualdade em regimes repressores e totalitários.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Estresse nosso de cada dia.

         
           Em nossa sociedade moderna ocorrem alterações que ficam marcadas. São alterações excitantes, agitadas e na maioria das vezes ocorrem muito depressa e não permitem que as pessoas interiorizem este ritmo, juntamente com o seu significado. Ao mesmo tempo confundem e provocam reações. Constantemente devemos estar abertos, especialmente para algumas áreas profissionais, pois o esperto de hoje pode ficar atrasado em questão de alguns dias. 
            As pessoas hoje em dia buscam ligar a qualidade de vida com as situações diárias frenéticas e muitas vezes não conseguem, podendo ocorrer também prejuízos, pois muitas vezes para que isto ocorra, as pessoas alteram seus hábitos de vida, seja no grupo familiar ou no contexto profissional. Com a evolução do homem tudo isto se tornou muito diferente e estes novos hábitos de vida simbolizam evoluções na questão da qualidade de vida. Muitas vezes as pessoas confundem qualidade com quantidade e fatores importantes na vida são caracterizados como de pouca prioridade, como por exemplo, os relacionamentos interpessoais, a afetividade e a saúde. Considero a qualidade de vida como sendo boa se estiver presente, dentro de alguns quadrantes, que são o social, afetivo, profissional
e a saúde. Portanto, caso ela esteja bem em um destes quadrantes, e mal em outro, não podemos afirmar que é uma qualidade de vida aceitável. 
Os fatores estressores se misturam em meio às atividades da nossa vida moderna. As pessoas, mesmo possuindo responsabilidades em seu trabalho devem lidar com a competitividade existente na empresa onde trabalham, buscar novos aprendizados para o aperfeiçoamento próprio, além de ter que lidar com os estressores normais da vida como a questão da segurança, sustentabilidade da família e algumas exigências culturais. É provável que estas situações exijam das pessoas o máximo, alcançando os seus limites, ocasionando assim o estresse. 
No instante em que o profissional oferta tudo de si em uma determinada situação com o objetivo de atender as inúmeras e variadas exigências do seu trabalho de forma responsável, que muitas vezes se põem em risco, poderá se deparar e sofrer com um desequilíbrio biológico, podendo afetar também o ambiente onde vive. Este desequilíbrio biológico pode carregar consigo fatores físicos e psicológicos, que conhecemos como estresse, podendo vir a se manifestar de variadas formas
como o absenteísmo, alcoolismo, problemas emocionais, mudanças inexplicáveis em sua eficiência, alterações em seu desempenho, impaciência com as pessoas e outros problemas mais graves. 
A pessoa que possui um alto grau de estresse pode sofrer também com alterações estomacais e
dermatológicos ou cardíacos, palpitações, ansiedades, depressão, angústia, hostilidade entre outros. No entanto, o estresse também pode ser positivo para a pessoa. Essa energia que é gerada por ele pode ser utilizada a favor do ambiente. Mas para que isto aconteça é de extrema importância que os profissionais saibam identificar e manusear os efeitos do estresse a favor de seu trabalho. 
Com os desgastes que os profissionais sofrem em seus ambientes de trabalho estão mais suscetíveis a sofrerem de doenças, pois os elementos psicossociais são tão potentes como os outros agentes desencadeantes de doenças. Nos relacionamentos profissionais também podem sofrer desgaste emocional. É um fator considerável para desencadear transtornos, depressões, fobias, doenças psicossomáticas, entre outras. Desta forma, a pessoa passa a não corresponder as exigências impostas. 
A falta de estímulos pode desencadear estresse, que pode se transformar em doença. Com esta falta muitos fatores como o tédio, a solidão e a sensação de nulidade estão presentes na vida da pessoa, podendo também ser consideradas fatores estressores. De um modo geral as atividades que possuem significados, são vistos como gratificantes, pois despertam a interesse, já por outro lado, as atividades sem significado, repetitivas ou desinteressantes acabam se tornando estressantes não só para profissionais ativos, mas chegam a afetar também crianças e idosos. 
            Boa parte do tempo em que estamos produzindo, estamos em nosso trabalho, isto faz com que ocorra um pensamento de que estamos perdendo tempo no trabalho ao invés de ficarmos com nossa família e amigos. Mas isto é uma necessidade, principalmente quando se é adulto. E como lidar com estas necessidades? Desta forma, questionamos até que ponto o trabalho deve ser importante para não prejudicar o relacionamento familiar. 
            Nosso trabalho faz parte de uma rede social. Assim, vendemos nossa força de trabalho para sustentar nossas necessidades afetivas e materiais, portanto, a relação entre trabalho x família, possui um efeito bumerangue, aonde os resultados vêm e vão. 
Para que possa ser desenvolvido um programa com o intuito de controlar o estresse é de extrema importância identificar os fatores estressores, realizar uma avaliação da dimensão do estresse que esta conectado com outras fontes e também deve ser determinado com que frequencia cada estressor é encontrado para poder estar delimitando meios de intervenção.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Silêncio

“Deus nos deu uma boca e dois ouvidos para que possamos menos falar e mais ouvir”; (ditado
popular).
Inúmeras pessoas se escondem do barulho psicológico que se torna ensurdecedor para estas pessoas, relacionados à suas emoções que podem estar desequilibradas. Buscam camuflá-las se distraindo com outras coisas como assistindo televisão, ouvindo o rádio em volume alto entre outras ações.
É uma forma de fugir do confronto consigo mesmo. Fogem do real para se afundarem no irreal, seja ele interno ou externo. Sócrates dizia: “conhece-te a ti mesmo”, pois o autoconhecimento é inevitável e indispensável para que o silêncio patológico não domine nossa vida.
A expressão inicial do silêncio se dá no plano físico, podendo atingir o emocional. Quando este é afetado, simboliza o desapego aos desejos, manifestando a indiferença e a paz interior.
Para a pessoa que está em busca da sabedoria, o silêncio é sua melhor arma. Porém, o silêncio é a ausência de palavras faladas, mas não pensadas. É necessário ouvir a voz do silêncio.
Quando os elementos interpessoais se complementam, não há a necessidade de existirem palavras. O silêncio possui as respostas. Ele não causa constrangimento e não deve ser rompido com palavras insignificantes, pois ele é o significado.
Para entender o silêncio, é necessário paciência. Pode ser desagradável sua espera, principalmente quando as palavras não são capazes de manifestar os sentimentos inerentes da pessoa. Devemos economizar energia na tentativa de disseminar palavras para explicar algo que não podem ser explicadas e sim, sentidas. Realizamos discussões fadigosas, dando a impressão de serem intermináveis, até que tomamos a consciência de que as palavras possuem fundamentos limitados. O silêncio é o apaziguamento das nossas palavras limitadas.
Na terapia psicológica, as palavras são essenciais para a manifestação do sentimento e o silêncio é essencial para a elaboração das palavras ditas no processo dialético.
Algumas pessoas que procuram um psicólogo para realizar terapia podem se sentir incomodadas com o silêncio que pode se manifestar nas sessões, pois a pessoa pode esperar que o terapeuta falasse alguma coisa como forma de ajudar a pessoa a resolver o que foi relatado e o terapeuta pode esperar que a pessoa continuasse a falar sobre questões que estava falando, mas isso também depende da linha teórica que o terapeuta segue.
           O silêncio é amedrontador para os que não entendem o seu sentido. Pode ser visto como uma resistência, um consentimento ou um momento para reflexão. Porém, uma certeza é de que ele é uma maneira diferente de se comunicar.